Nos aeroportos dos EUA, tal como no Reino Unido, os passageiros estão a ser submetidos a um scanner que revela pormenores do corpo. As novas medidas de segurança estão a provocar a indignação por parte dos americanos.
Passageiro na hora do check-in, hoje, no aeroporto de Los Angeles
Os passageiros que embarquem ou desembarquem nos aeroportos dos EUA têm de se submeter a um scanner corporal que permite visualizar os cidadãos como se estivessem despidos. Este reforço de medidas de segurança está em vigor desde o início do mês e os passageiros que se recusam são apalpados por agentes do mesmo sexo.
Os novos procedimentos de segurança, adotados por causa da ameaça terrorista, estão a levantar uma onda de protestos na população americana, que promete fazer uma manifestação na próxima quinta-feira, Dia de Ação de Graças, um dos maiores feriados nos EUA.
Uma associação norte-americana de defesa dos passageiros recebeu mais de mil queixas na passada semana, por alegado excesso de intimidade, por parte dos agentes, durante o check-in.
Imagens publicadas num site
Os limites entre a segurança e a privacidade estão a ser questionados, e as autoridades admitem rever os procedimentos, mas numa entrevista à CNN, John Pistole, chefe da Administração de Segurança dos Transportes nos EUA (TSA)já garantiu que "não haverá mudanças" pelo menos a curto prazo.
Entretanto, imagens de cem pessoas submetidas a scanners corporais nos EUA foram divulgadas recentemente no site Gizmodo . De acordo com uma investigação levada a cabo pelo portal, os agentes norte-americanos terão arquivado 35 mil imagens de forma "imprópria e talvez ilegal".
Também nos EUA, um agente de um aeroporto de Miami foi alvo de chacota, por parte de um colega, depois de ter passado num scanner corporal, durante um teste, que mostrou o tamanho do seu pénis. O agente foi preso por agredir o colega com um bastão, e poderá agora ser processado.
Um vídeo colocado no Gizmodo na passada sexta-feira mostra uma criança, no aeroporto em Salt Lake City, a ser apalpada mesmo depois de ter passado por um scanner, que não acusou nada, e os consequentes protestos do pai.
Nos EUA, foi lançada uma campanha que apela aos cidadãos para não viajarem nas férias de Natal. "We wont't fly" (Nós não voaremos) é o mote da campanha que surgiu na Internet, contra os scanners.
Raio-X de corpo inteiro
Um pouco por toda a Europa, também por cá os aeroportos estão ser gradualmente equipados com scanneres que permitem fazer um raio-x de corpo inteiro dos passageiros, detetando drogas e explosivos ingeridos. Além de objetos, as máquinas mostram claramente os contornos dos órgãos genitais e outras partes do corpo.
No Reino-Unido, cujos aeroportos adotaram os scanners no início do ano, os polémicos equipamentos já se transformaram num caso de polícia. Aconteceu no dia 10 de março, quando uma agente do aeroporto de Heathrow, em Londres, passou acidentamente pelo equipamento e recebeu imediatamente um piropo de um colega, que elogiou os seus seios.
Segundo o jornal "Daily Mail", Joe Margetson apresentou queixa à polícia e à administração da British Airports Authority, órgão que gere o aeroporto. O funcionário, John Laker, recebeu uma advertência da polícia por assédio sexual.
Os scanners já estão a funcionar em Heathrow e no aeroporto de Manchester. Até ao final do ano, serão também uma prática também em Birmingham e Gatwick.
A Espanha anunciou em julho que fazer uma experiência piloto com um scanner corporal, mas não especificou em qual aeroporto. O Governo disse apenas que a experiência só será realizada depois de a Comissão Europeia ter realizado um relatório assegurando os riscos para a saúde e para os direitos fundamentais dos cidadãos.
Brasil combate narcotráfico
A novidade também já chegou ao Brasil. Os equipamentos foram doados pelos EUA, devendo servir em especial como arma no combate ao tráfico internacional de drogas. Além do aeroporto internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, os das cidades de São Paulo, Recife e Manaus também receberam as polémicas máquinas.
Os scanners corporais já fazem parte dos planos de segurança para o Mundial de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016, que terão lugar no Brasil, e neste caso visam também prevenir possíveis atos terroristas.
Segundo as autoridades brasileiras, não há motivos para preocupação: somente serão submetidos ao scanner as pessoas suspeitas. As novas medidas não vão gerar constrangimento aos passageiros, asseguram.
Além da invasão da privacidade, outra questão que se coloca diz respeito à saúde. O índice de radiação emitida por um scanner corporal é, aparentemente, o mesmo provocado por um exame de raio-x. Segundo o delegado Alcyr Vidal, da Polícia Federal no Aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, os polícias que irão lidar com as máquinas nos aeroportos brasileiros foram treinados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, que aprovou o equipamento. O Brasil já anunciou que vai instalar também nas prisões.
fonte: Expresso
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