A crise mundial de 2008 foi um desastre «evitável» causado por falhas generalizadas na supervisão governamental das operações financeiras, má gestão empresarial e jogadas de risco negligentes em Wall Street, concluiu um inquérito federal nos Estados Unidos.
A comissão que investiga a crise apontou o dedo em várias direcções: acusou duas administrações, culpou a Reserva Federal (FED) e outros reguladores por terem permitido uma mistura calamitosa de operações: empréstimos hipotecários nefastos, venda de dívidas a investidores e apostas arriscadas em títulos suportados pelas dívidas.
«A maior tragédia é aceitarmos que ninguém poderia ter previsto este cenário e que nada pudesse ser feito», pode ler-se no relatório da investigação, citada pelo The New York Times. «Se aceitarmos esta realidade, ela vai repetir-se outra vez».
Enquanto o painel de investigadores da Comissão de Inquérito à Crise Financeira acusa várias instituições financeiras de «ganância», «incompetência» ou ambas, algumas das falhas mais graves encontram-se ao nível estatal, o que é embaraçoso para ambas as partes. Porém, o painel era dividido também em opostas linhas partidárias, o que poderá ter diminuído o impacto das conclusões.
O relatório critica principalmente dois presidentes da Reserva Federal: Alan Greenspan, dirigente quando a bolha imobiliária rebentou, e o seu sucessor, Ben S. Bernanke, que não previu a crise, mas desempenhou um papel crucial na resposta.
A comissão realizou audições ao longo de 19 dias e entrevistas com mais de 700 testemunhas. Este material deverá ser divulgado online.
Muitas destas conclusões têm sido amplamente faladas, mas o conjunto de entrevistas, documentos e testemunhos, juntamente com o aval da Administração Obama, imprime autoridade e uma vitória clara das teorias que já vinham sendo defendidas por outros especialistas, entre as quais o documentário de Charles Ferguson, Inside Job.
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