Na última década, em Portugal, tornou-se pública a investigação feita aos crimes económicos, o que fez com que muitas notícias de supostas corrupções se tornassem conhecidas. E digo supostas, porque este é um crime muito difícil de provar, já que ninguém vai assumir abertamente que corrompeu, nem que foi corrompido. Contudo, a verdade é que estas histórias chegam a público, com escutas autorizadas ou não, e uma coisa é certa as coisas sabem-se! Só que as benditas das escutas, muitas delas não autorizadas pelas instâncias competentes, acabaram por não poder servir de prova nem para abrir um processo, nem para provar a culpa ou a inocência.
Em Portugal tivemos dois casos que foram, de facto, os mais mediáticos: o famoso “Apito Dourado” e os vários episódios que recaíram sobre o primeiro-ministro, José Sócrates. Só que o pior do “circo” que foi montado em volta destas situações foi o facto de nunca se saber, de forma inequívoca, se os visados eram culpados ou inocentes, ou seja, ficou sempre no ar, com o arquivamento dos processos, a eterna dúvida: será que eram mesmo inocentes? Será que se não tivessem o poder ou a notoriedade, os processos também teriam sido arquivados? Estas e muitas outras perguntas ficaram sem resposta.
Os portugueses e a corrupção
Para 83% dos portugueses o flagelo da corrupção piorou em Portugal, durante esta década; e 75% consideram que as medidas que o Governo tem vindo a tomar para a combater são insuficientes, inclusive o deputado do PS apresentou propostas de lei para combater a corrupção, mas foi afastado da bancada socialista.
Segundo uma sondagem feita em vários países, Portugal inclusive, este problema é uns dos grandes flagelos dos nossos dias, pois, para além da evolução tecnológica ter trazido muitas vantagens, também trouxe mais e melhores formas de fugir à investigação deste género de crimes. 3% dos portugueses inquiridos afirmaram ter pago um suborno nos últimos 12 meses, isto foram apenas os que admitiram.
No nosso País, 7 em cada 10 crimes de corrupção são praticados nas autarquias, ou seja, no poder local, onde os responsáveis políticos estão muito mais próximos das pessoas, quer isto dizer, que o vereador da área A, B ou C tem sempre o primo ou o amigo do amigo que conhece e que facilita o acesso a determinadas decisões.
Os portugueses também consideram os partidos políticos, a Assembleia da República e a Justiça como a áreas mais corruptas; em sentido contrário, encararam os religiosos como os menos corruptos; e os setores vistos como mais sensíveis à corrupção são a Polícia, a Justiça e os Registos.
fonte: Folha de Portugal
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