Ataques a igrejas no Iraque e no Egipto expõem perseguição às minorias cristãs
«JÁ NÃO temos lugar aqui. Toda a gente vai partir». As palavras, amargas, foram proferidas pelo vigário episcopal de Bagdade, Pios Kasha, após o atentado que em 31 de Outubro ceifou a vida a 46 fiéis siríacos católicos em plena catedral de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na capital iraquiana. Ainda antes do ano acabar, a mesma cidade foi palco de 14 explosões em outras tantas casas de cristãos: mais dois mortos e 16 feridos.
Os números são claros: Em 1987, em pleno reinado de Saddam Hussein, 1,2 milhões de cristãos viviam no país. Quando os EUA invadiram o país, em 2003, calculava-se que o número tivesse caído para 800 mil. As mais recentes estimativas apontam para que as diferentes correntes cristãs no Iraque não cheguem a ter 500 mil fiéis. Ameaçados pelo fanatismo islâmico e sem conseguirem a protecção governamental que Saddam lhes concedeu, resta-lhes tentar a sorte nos países vizinhos ou emigrar para os_EUA ou Europa, como tantos compatriotas.
No Egipto, o atentado que matou 23 cristãos coptas numa igreja de Alexandria na passagem do ano levou a manifestações e confrontos com a polícia não só naquela cidade do Norte mas também no Cairo. Também no Egipto os cristãos queixam-se de discriminação - e são uma comunidade em declínio.
A instabilidade política e económica do berço do cristianismo também leva a que os cristãos - que ainda são parte das elites de algumas sociedades do Médio Oriente - façam as malas. Mas quando se sabe que a al-Qaeda passou a ter como alvo os cristãos em detrimento dos xiitas ou das tropas norte-americanas, não é difícil adivinhar o futuro: os analistas prevêem que entre 2020 e 2025 o número de cristãos caia para metade do actual. Até porque nenhum Governo tem uma política de protecção das minorias.
Como se não bastasse o ataque em território egípcio, nesta semana ficou a saber-se que outras 12 igrejas coptas no país estão numa lista de futuros alvos de uma organização associada da al-Qaeda. Mas não só: 16 locais de culto na Europa e outros nos EUA e Austrália estão sob ameaça terrorista.
Em contracorrente, há um número crescente de cristãos em países do Golfo Pérsico (3,5 milhões segundo o Vaticano). São asiáticos (filipinos à cabeça) e africanos e não têm vida fácil: no Estado saudita estão proibidos de praticar o culto e de transportar símbolos cristãos.
fonte: Sol
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