RELÓGIO DO APOCALIPSE

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Documentos libertados incluem mais de 700 telegramas da embaixada americana em Lisboa


De acordo com o The Guardian, há nos documentos 463 referências com a palavra "Portugal", 59 com a expressão "Portugal's" (de Portugal) e 156 com a palavra "portuguese" (português), aparecendo 92 vezes a palavra "Lisbon" (Lisboa)

Portugal também está no mapa da maior fuga de informação diplomática da história. No meio dos 250 mil documentos diplomáticos do Departamento de Estado norte-americano revelados pela Wikileaks há 722 documentos enviados pela embaixada norte-americana de Lisboa.

O conteúdo das missivas não foi ainda revelado por nenhum dos cinco jornais - El País, The Guardian, The New York Times, Le Monde e Der Spiegel – aos quais foi entregue a informação pela Wikileaks. Sabe-se para já que entre os 722 documentos apenas 15 terão sido classificados como "secretos".

Os restantes documentos são "confidenciais "e "informação não classificada", podendo ainda assim conter elementos que contribuam para dar uma perspectiva desconhecida da política e prioridades dos Estados Unidos relativamente a Portugal.

A embaixada de Lisboa é a 115ª que mais documentos produz - menos do que a embaixada norte-americana no Vaticano e acima da missão diplomática no Malaui – tendo o documento mais antigo a data de 24 de Maio de 2006 e o mais recente 25 de Fevereiro de 2010.

Deste ano estão catalogados 29 documentos, 202 de 2009, 184 de 2008, 202 de 2007 e 105 de 2006, desconhecendo-se porém quantos dos “papéis” catalogados estão directamente relacionados com Portugal.

De acordo com a análise do The Guardian, que fez uma busca por palavras, há nos documentos 463 referências com a palavra "Portugal", 59 com a expressão "Portugal's" (de Portugal) e 156 com a palavra "portuguese" (português), aparecendo ainda 92 vezes a palavra "Lisbon" (Lisboa).

Embaraço para os Estados Unidos

Os excertos contemplam cerca de 250 mil comunicações diplomáticas entre os norte-americanos e embaixadas de 270 países. Algumas conversas revelam detalhes embaraçosos para a Casa Branca, como aqueles que revelam que as Nações Unidas estão a ser espiadas ou que as monarquias árabes pediram aos Estados Unidos para atacar o Irão.

Segundo a embaixada de Riad, o rei Abdullah terá utilizado termos como "cortar a cabeça da serpente". De acordo com as revelações, o monarca saudita defende que "o perigo de deixar esse programa (nuclear) desenvolver-se é maior do que o perigo de o impedir".

A informação libertada lança ainda dúvidas quanto à saúde mental do Presidente iraniano, sendo avançado que Mahmud Ahmadinejad está "mentalmente desequilibrado". O líder líbio Muammar Kadaffi é descrito como "dependente em larga escala da sua enfermeira, uma loura voluptuosa".

Outras comunicações revelam uma relação muito estreita entre o Presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro italiano Sílvio Berlusconi. É ainda apontada a interferência chinesa na Internet e a tentativa dos norte-americanos de se apoderarem secretamente de material nuclear paquistanês.

Muitas destas comunicações dizem respeito aos últimos três anos, revelando os bastidores das embaixadas: retratam de forma livre os líderes mundiais e revelam avaliações de ameaças nucleares e terroristas.

Washington pede contenção à Wikileaks

Juilan Assange garante que a documentação abrange "todos os grandes assuntos". O líder da Wikileaks revelou que o site foi objecto de piratas informáticos.

Os Estados Unidos pediram à Wikileaks para suspender a publicação, argumentando que "incontáveis vidas ficarão em risco, operações contra-terroristas serão postas em causa e as relações dos EUA com os seus aliados irão correr perigo". Também Londres teme reacções adversas nos países muçulmanos contra o Reino Unido.

A Casa Branca já condenou nos termos mais firmes a publicação dos documentos, considerada "irresponsável e perigosa".

fonte: RTP

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