O presidente do Banco Português de Negócios admitiu hoje, segunda-feira, na Comissão de Orçamento e Finanças que a nacionalização do banco vai trazer custos aos cofres públicos, mas que ainda não é possível calcular o seu valor exacto.
"Sejamos claros. Haverá no final um custo a suportar pelo Estado e pelos contribuintes. Mas ainda não é possível saber quanto", disse aos deputados Francisco Bandeira.
O banqueiro apontou, de seguida, para o buraco financeiro de "dois mil milhões de euros" da instituição, realçando que esta realidade já é do domínio público.
"Ao longo de muitos anos foram cometidas muitas ilegalidades no BPN, e algumas com relevância criminal", salientou Bandeira, revelando que estão em curso "20 processos nos departamentos judiciais competentes".
Segundo Bandeira, na sua exposição de arranque dos trabalhos da comissão, "o conselho de administração (do BPN), apoiado pelo acionista, tem procurado que os responsáveis sejam punidos e que indemnizem o banco".
Antes, os vários grupos parlamentares explicaram quais as motivações que os levaram a pedir a audição de Francisco Bandeira.
João Almeida, deputado do CDS-PP, meteu o foco na necessidade de ser conhecido o trabalho feito pela actual gestão durante os dois anos de nacionalização do BPN.
Pelo PSD, o deputado Hugo Velosa disse que a audição de Bandeira é vital devido "à necessidade de haver mais informação" sobre a actual situação do banco.
Por seu turno, José Gusmão, deputado do Bloco de Esquerda, pediu esclarecimentos sobre "a situação líquida e patrimonial do BPN", questionando se o banco está a actuar numa situação legal, devido às suas insuficiências de capital que resultaram no pedido de aumento de capital feito ao Governo pela equipa de gestores liderada por Bandeira, até um máximo de 500 milhões de euros.
"Nenhum cliente foi desviado para a CGD"
O presidente do BPN, Francisco Bandeira, garantiu também que não houve qualquer movimento de transferência de clientes do banco para a CGD, revelando que menos de 15% dos activos que saíram do BPN foram para o banco público.
"Posso assegurar que nenhum cliente do banco foi desviado para a Caixa Geral de Depósitos (CGD) por indicação ou com conhecimento da administração", disse Bandeira aos deputados da Comissão de Orçamento e Finanças.
Segundo o banqueiro, "menos de 15% dos fundos saídos do BPN foram para a CGD", sublinhando que essa percentagem é "muito menor do que a quota natural da CGD" e assegurando que "o restante foi para outros bancos".
Quanto às injeções de liquidez feitas pela CGD, o presidente do BPN assegurou que o banco público "tem honrado e vai continuar a honrar os seus compromissos".
fonte: JN
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