O WikiLeaks anunciou estar disponível para pagar 100 mil dólares (91,4 mil euros) por eventuais gravações de conversas entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ex-diretor do FBI James Comey, despedido na terça-feira.
A possibilidade de existirem gravações das conversas foi insinuada na sexta-feira pelo próprio Donald Trump que, numa série de 'tweets', afirmou que seria melhor James Comey torcer para que não haja "cassetes" das conversas antes de começar a fazer revelações aos 'media'.
Fontes próximas de James Comey, citadas pela cadeia televisiva CNN, garantiram que o ex-diretor do FBI "não está inquietado" com a ameaça de Donald Trump, indicando que, "se houver alguma cassete, não há nada que o preocupe" relativamente ao conteúdo.
Com a dúvida instalada sobre a existência de gravações, o WikiLeaks anunciou, através do Twitter, oferecer 100 mil dólares (91,4 mil euros) por elas.
Trump despediu Comey na terça-feira sob o argumento de que geriu mal a investigação contra Hillary Clinton pelo uso de contas privadas de correio eletrónico quando era secretária de Estado em comunicações com informação classificada como confidencial.
Não obstante, o despedimento gerou uma grande controvérsia, dado que Comey liderava a investigação às alegadas relações entre a equipa de campanha eleitoral de Donald Trump e o Governo da Rússia.
Na quinta-feira, numa entrevista à televisão NBC, Trump afirmou sempre ter tido a intenção de despedir o diretor do FBI, o qual descreveu como "um gabarola, um fanfarrão".
A decisão do Presidente dos Estados Unidos de demitir o chefe do FBI suscitou uma onda de indignação particularmente entre os representantes do Partido Democrata e colunistas de opinião na imprensa norte-americana.
O Partido Democrata chegou mesmo a comparar o episódio à tentativa de encobrimento feita pelo Presidente Richard Nixon no caso Watergate.
Segundo escreveu, na sexta-feira, o jornal New York Times, Donald Trump exigiu ao ex-diretor do FBI James Comey "lealdade" quando chegou à Casa Branca, mas este apenas lhe ofereceu "honestidade", o que ter-lhe-á custado o cargo.
Essa conversa teve lugar durante um jantar privado uma semana depois da tomada de posse, em 20 de janeiro, de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, segundo explicou James Comey a alguns colegas seus que falaram ao jornal norte-americano sob a condição de anonimato, após o despedimento.
Segundo essas fontes, num determinado momento da conversa, depois de se gabar da sua vitória nas eleições e das "multidões" que juntava nos seus comícios, Trump pediu a Comey que lhe "jurasse lealdade", o que Comey negou, prometendo-lhe, em vez disso, que seria sempre "honesto" com ele, embora insistindo que não seria "de fiar" no sentido político do termo.
Insatisfeito com a resposta, Trump instou-o mais duas vezes a jurar-lhe lealdade, mas Comey não cedeu, sempre de acordo com a versão do ex-diretor do FBI relatada por colegas ao New York Times.
Comey acredita agora que esse jantar foi "um presságio da sua queda", segundo o jornal nova-iorquino.
Sarah Huckabee Sanders, uma porta-voz da Casa Branca, disse ao diário que a versão do ex-diretor do FBI não é um "relato preciso" do que sucedeu no referido jantar e que o Presidente dos Estados Unidos nunca lhe exigiria "lealdade pessoal", mas sim lealdade ao povo e à pátria.
O despedimento do diretor do FBI - algo que só tinha acontecido uma vez na história dos Estados Unidos - teve lugar um dia antes de Donald Trump receber na Casa Branca o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov.
fonte: Diário de Noticias
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