No último telegrama da WikiLeaks sobre os negócios da Defesa, que o Expresso revela em exclusivo, embaixada dos EUA faz considerações pouco abonatórias sobre a decisão do Governo de comprar dois submarinos.
O telegrama, que integra o lote dos 722 portugueses que a WikiLeaks tem em seu poder, é extenso e muito factual. Em resumo, defende que a compra representou um esforço financeiro demasiado significativo quando comparado com o total do orçamento da Defesa portuguesa. E, sobretudo, que Portugal tinha situações muito mais urgentes a resolver no seu equipamento militar, nomeadamente em helicópteros e na melhoria dos aviões C-130. As considerações sobre o facto de Portugal não precisar, por razões estratégicas, de submarinos são também muitas.
"Os submarinos foram uma oportunidade perdida" é a frase que melhor resume o tom deste telegrama, que não é assinado pelo embaixador mas sim pelo conselheiro político e económico, Mário Fernandez. A questão é orçamental é especialmente destacada, apesar da possibilidade, entretanto descartada pelo Governo português de distribuir o custo dos dois submarinos (cerca de mil milhões de euros) por dois orçamentos de Estado. Como é sabido, o governo optou no final de 2010 por levar o custo integral ao Orçamento desse ano para não prejudicar o défice de 2011.
No comentário final, o telegrama faz considerações sobre o facto de os portugueses estarem "presos ao seu passado marítimo" e o facto de sentirem "um orgulho visceral nessa tradição marítima e na glória passada como império global". Mário Fernadez conclui dizendo que só isso é que explica que um país da NATO com apenas 10 milhões de habitantes compre equipamento militar tão caro.
O Expresso teve acesso a este telegrama numa parceria com os jornais "Politiken" (Dinamarca) e "Aftenposten" (Noruega) que nos permitiu ler todos os documentos enviados da embaixada dos EUA em Lisboa.
Clique na imagem para ler o telegrama:
fonte: Expresso
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