O vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, afirmou, hoje, quinta-feira, numa entrevista televisiva, que a violência entre os manifestantes pró e anti presidente Hosni Mubarak, registados desde quarta-feira no Cairo, resulta de "uma conspiração". O mais recente balanço oficial de vítimas aponta para 13 mortos e cerca de 1200 feridos.
Numa entrevista à televisão estatal, Omar Suleiman defendeu que os incidentes resultam de "uma conspiração" fomentada por pessoas no Egipto ou, até mesmo, por pessoas no estrangeiro.
Realçou que, se os protestos continuarem, o país ficará paralisado, pelo que prometeu mão dura contra os manifestantes. "Os sabotadores serão castigados", advertiu.
O pedido da saída imediata do presidente Hosni Mubarak é um "apelo ao caos", segundo realçou.
Omar Suleiman afirmou que é necessário realizar muitas reformas em pouco tempo, no âmbito da actual Constituição, embora lhe vão ser feitas emendas antes das eleições presidenciais marcadas para Setembro.
Adiantou serem necessários entre cinco a 10 dias para realizar as conversações necessárias para efectuar as emendas à Constituição. «Temos de fazer muitas mudanças em menos de 200 dias», disse, referindo-se às eleições, às quais o presidente Hosni Mubarak já anunciou que não se recanditará.
Acrescentou ser necessário tempo para o diálogo entre as partes, mas quer que este inclua representantes dos jovens, que tiveram um papel fundamental no eclodir da revolução egípcia.
"O presidente encarregou-me de iniciar o diálogo, alguns partidos já responderam, outros ainda não», salientou. Sublinhou, também, que «algumas pessoas têm tentado causar instabilidade, fricção e medo», e que o Exército está a tentar impedir os confrontos.
O vice-presidente divulgou, ainda, dez dias depois do início da onda de contestação, que a Irmandade Muçulmana, o principal movimento de oposição no Egipto, foi convidada para participar no diálogo entre o Governo e a oposição.
Por outro lado, Omar Suleiman desvalorizou o pedido de democratização do país feito pela comunidade internacional. No seu entender, "é inaceitável" que países estrangeiros se intrometam em "assuntos internos".
A agência France Presse noticiou que, na praça Tahrir, onde se concentram os protestos, foi espancado até à morte um estrangeiro, o que ocorre pela primeira vez desde o início da contestação a Hosni Mubarak, a 25 de Janeiro, mas desconhece-se a identidade ou a nacionalidade da vítima.
Os graves confrontos que se registam no Cairo desde quarta-feira alastraram a diferentes bairros da cidade, cenário de tiroteios, agressões com arma branca e atropelamentos por veículos descontrolados.
Os jornalistas estrangeiros têm sido alvo de agressões e perseguições, quer pelos manifestantes pró-governamentais, quer pela polícia militar. De acordo com o jornal espanhol "El País", seis jornalistas catalães foram detidos pela polícia militar egípcia e colocados num autocarro com os olhos tapados. Por sua vez, a BBC-Brasil revela que um jornalista brasileiro do jornal "Zero Hora" foi atacado e roubado por um grupo de 50 simpatizantes de Mubarak.
O vice-presidente divulgou, ainda, dez dias depois do início da onda de contestação, que a Irmandade Muçulmana, o principal movimento de oposição no Egito, foi convidada para participar no diálogo entre o Governo e a oposição.
Omar Suleiman, antigo chefe dos serviços secretos egípcios, tomou posse no sábado passado. É o primeiro vice-presidente em quase 30 anos de presidência de Hosni Mubarak.
fonte: JN
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