Os emails são de Agosto de 2006 a Março de 2012 (Foto:
Petar Kujundzic/Reuters)
A WikiLeaks anunciou a publicação
de mais de dois milhões de emails de políticos e de outros responsáveis sírios
que revelam os contactos com empresas ocidentais. Entre as revelações está que
o grupo italiano Finmeccanica vende à Síria tecnologia usada na repressão.
“A WikiLeaks começou a publicaros arquivos da Síria, mais de dois milhões de emails de personalidades
políticas sírias, de ministérios e de empresas, trocados com entidades do
Ocidente, datados entre Agosto de 2006 e Março de 2012” , disse Sarah Harrison,
porta-voz da WikiLeaks, numa conferência de imprensa em Londres.
Estes emails, em diversas
línguas, que vão sendo disponibilizados no site da WikiLeaks, são também alvo
de tratamento noticioso em várias publicações, como a agência noticiosa
norte-americana Associated Press, o jornal egípcio Al Masry Al Youm, a rádio
alemã ARD, a revista italiana L’Espresso e o jornal espanhol Publico.
A notícia que está a abrir tanto
a L'Espresso como o Publico espanhol é a relativa à Finmeccanica: a empresa
Selex, que pertence a este grupo fabricante de armamento, firmou em 2008 um
contrato com a Syrian Wireless Organis para por a funcionar o sistema de
comunicações TETRA, usado em todo o mundo com fins de segurança e militares.
A TETRA é uma rede de
comunicações wireless que permite transmitir dados multimédia a grande
velocidade a partir de várias plataformas fixas ou móveis e múltiplas
localizações. Muitos países usam-na para coordenar a suas forças de segurança
em situações de emergência.
Este contrato é de conhecimento
público, mas as empresas continuaram a colaborar, mesmo depois de se ter
iniciado a revolta contra o regime do Presidente Bashar al-Assad, em Março de
2011. Nessa altura, diz a revista L'Espresso, o regime pede à Selex peças para
helicópteros - ao que a Selex responde dizendo que será difícil, pois estas
peças são abrangidas pelas sanções norte-americanas contra a venda de
armamamento à Síria.
Por outro lado, segundo os
e-mails, a Selex vendeu à Síria 3484 radios VS3000 para veículos; 1407 para
motorizadas; 60 para navios; 1602 terminais fixos FC3000, e outros 30 AS3000
para helicópteros.
No negócio participa ainda uma
empresa grega, chamada Intracom Telecom, com uma filial na Síria. É presidida
porSokratis Kokkalis, antigo dono do clube de futebol Olympiakos, recorda o
Publico espanhol, acusado de subornar funcionários do exércrito grego para
comprar produtos de tecnologia da Alemanha de Leste, nos tempos da Cortina de
Ferro.
Desde o início de 2012 começaram a
entrar em vigor um série de sanções económicas da União Europeia contra o
regime de Damasco, o que dificultará obter novas peças e actualizações para o
armamento que já possui.
fonte: Público
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