RELÓGIO DO APOCALIPSE

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

WikiLeaks marca o ano de 2010

As revelações do Wikileaks provocaram tensão diplomática em todo o mundo e abriram um debate sobre a legalidade das filtrações.

Se a experiência do último mês é um sinal do que acontecerá a curto prazo, 2011 pode bem ficar definido como o ano das "filtrações", das "leaks" e do seu impacto na forma como se faz jornalismo e como se distribui e gera informação.

Desde 29 de novembro que as notícias em todo o mundo são, quase diariamente, dominadas, por revelações mais ou menos secretas, avaliações mais ou menos confidenciais, retratos mais ou menos embaraçosos, de governantes, governos e diplomatas.

As revelações do WikiLeaks provocaram tensão diplomática em todo o planeta, suscitaram amplos debates ainda sem fim sobre a legalidade ou não das filtrações e levaram muitos, dentro e fora do jornalismo, a questionar o impacto futuro.

Guerra cibernética

Às polémicas somaram-se os debates sobre liberdade de expressão, guerras cibernéticas, a personalidade de Julian Assange - fundador do WikiLeaks - e os 'copycats': novos fóruns, online, onde se dá espaço a filtrações idênticas.

Vai nascer a Openleaks, já existe a Indonleaks e a Brusselsleaks e fala-se de novos sítios. O próprio Wikileaks promete para o início de 2011 revelação de dados do setor privado, até agora poupado a estas "filtrações em massa".

Depois da experiência do "eu jornalista", em que os consumidores passaram a ser também as fontes de informação - com vídeo, fotos e texto - agora é a era da "filtração", em que o setor público e privado se vê mais exposto que nunca.

Para Javier Bauluz , prémio Pulitzer e responsável do diário digital Periodismo Humano, as filtrações marcam o novo "ecossistema da informação" em que o Wikileaks "é a bomba que muda tudo".

WikiLeaks não é anedota

Bauluz participou num debate recente promovido em Madrid pelo El Pais , um dos cinco jornais mundiais que o WikiLeaks forneceu com os 250 mil telegramas diplomáticos produzidos pela diplomacia dos Estados Unidos em todo o mundo.

Javier Moreno, diretor do El Pais, também sublinhou nesse debate o impacto das filtrações, que considera como potencialmente a notícia de maior envergadura que o jornal já acompanhou.

"O WikiLeaks não é algo anedótico. Mudou o panorama de forma radical", afirmou no mesmo debate.

Gilles Tremlet, do britânico The Guardian - outros dos jornais que recebeu os documentos -, recorda que os cinco estão dependentes "de muito pouca gente", numa referência à equipa da Wikileaks.

Maioria dos telegramas por revelar

"Eles fornecem os dados e isso implica que têm algum poder sobre nós", comentou.

Muitas questões se levantaram no debate, cujo impacto só progressivamente se irá sentindo: mudarão este tipo de filtrações, em que não se conhecem as fontes, a forma como se faz jornalismo? Continuarão os jornais tradicionais a ter o mesmo relevo na recolha e disseminação de informação? Quem passarão a ser as fontes, como se contactam e como se verificam?

Estas e outras perguntas devem continuar a marcar o debate em 2011, quando ainda falta revelar a maioria dos 250 mil telegramas da diplomacia norte-americana.  

fonte: Expresso

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