RELÓGIO DO APOCALIPSE

domingo, 26 de dezembro de 2010

Sócrates diz que este é o "único caminho"


Primeiro-ministro vê sinais "animadores" e pede confiança no Governo. Num recado para fora, avisou que resposta à crise "não é só tarefa para quem governa", mas é "tarefa de um país".

A mensagem de Natal emitida ontem foi gravada ao final da tarde de dia 23, após a troca de cumprimentos com Cavaco Silva. José Sócrates apareceu a apontar aos portugueses os "sinais animadores de recuperação económica", mas a reconhecer também que "a crise deixou as suas marcas, que ainda aí estão". Com o fantasma do FMI a pairar, o primeiro-ministro avisou que "os portugueses sabem que não sou de desistir nem sou de me deixar vencer pelas dificuldades". "Pelo contrário. É nestes momentos que mais sinto a energia interior e o sentido de dever para apelar à mobilização dos portugueses."

Num tom sóbrio, começou por afirmar que o ano de 2010 foi "dos mais difíceis e exigentes da nossa história recente". A uma semana da subida de impostos - com o Orçamento -, deu a cara pelo plano de austeridade do Governo. "Tenho plena consciência do esforço que está a ser pedido a todos os portugueses. Mas quero que saibam que este é o único caminho que protege o País e que defende o interesse nacional."

Apesar da determinação, e na semana em que ouviu o Presidente da República sentenciar que uma eventual entrada do FMI significaria que "de alguma forma" o Governo falhou, Sócrates empenhou-se em pôr a crise no contexto europeu e a relativizar a responsabilidade do seu Governo.

Na crise, a que chamou "a pior dos últimos 80 anos", e na desconfiança dos mercados, pôs as culpas da mudança dos planos dos governos ao longo do ano - os PEC. Depois acrescentou: "Esta situação, sem precedentes na União Europeia, levou à injustificada subida dos juros e afectou todas as economias europeias."

A isto juntou um recado. "Esta não é uma tarefa apenas para quem governa. Tem de ser também uma tarefa do País", afirmou, notando de seguida o esforço de concertação com patrões e sindicatos sobre as medidas de resposta à crise. A declaração surge dias depois de o Governo e os parceiros sociais terem renegociado o acordo para o aumento do salário mínimo para 500 euros - por uma subida que será concretizada de forma escalonada ao longo do próximo ano - e quando ainda vão a discussão as 50 medidas do Executivo para estimular a Competitividade e Emprego.

O pacote, que prevê a redução dos custos do despedimento para as empresas, colheu elogios em Bruxelas no mesmo Conselho Europeu em que José Sócrates admitiu tomar medidas adicionais se as circunstâncias o impuserem.

O guião do discurso, adaptado às circunstâncias, manteve o tom das suas mensagens de Natal. No ano passado, o primeiro-ministro, acabado de ser reeleito, avisava que a crise económica "persistia", mas havia "sinais claros de que o País" estava "a retomar lentamente o caminho da recuperação". Em vésperas da apresentação do Orçamento para 2010, o primeiro-ministro fazia a defesa do investimento público - dos projectos como o TGV e o aeroporto - como motor do crescimento e elogiava muitos dos apoios sociais que meses depois se veria obrigado a eliminar.

Se esses temas saíram do guião do discurso deste ano, Sócrates não perdeu de vista as suas áreas mais caras na hora de fazer balanços governamentais. "Nestes anos, o País mudou, mudou muito e em muitas áreas. Na energia, com a aposta nas renováveis, nas tecnologias de informação, na investigação científica [...]. Mas há uma área em especial de que quero falar-vos hoje, que é a educação [ver texto ao lado], porque ela é bem o exemplo de que as reformas feitas com sentido e determinação produzem bons resultados."

Cumprindo a tradição, o primeiro-ministro deixou ainda uma "palavra especial" aos militares, forças de segurança portuguesas e concidadãos que se "encontram no estrangeiro".

fonte: DN

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