RELÓGIO DO APOCALIPSE

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O povo poupa e o Estado gasta


Com a discussão sobre o novo Orçamento de Estado na ordem do dia, há já vários meses, e com as medidas de austeridade esmiuçadas por todos os meios de comunicação, já são poucas as novidades que se esperam. No entanto, muitos portugueses ainda se podem surpreender se souberem quanto é que José Sócrates gasta, por dia, para exercer o seu cargo de primeiro-ministro.

Sabia que José Sócrates ganha mais do que o seu homólogo espanhol? Segundo dados revelados à revista Sábado, em 2011, Sócrates ganhará 95.886 euros brutos e Zapatero ficará pelos 78.184 euros anuais. De 2005 a 2011, as despesas do gabinete do primeiro-ministro tiveram um aumento de 11,4%. E para que conste, desde que Sócrates assumiu o cargo, a 26 de outubro de 2009, foram 71 pessoas nomeadas para o seu gabinete, entre elas 20 motoristas. Dado estranho quando, por lei, apenas o primeiro-ministro e o seu chefe de gabinete têm direito a possuir viatura para uso pessoal, com motorista. Muitos destes motoristas são contratados a privados, o que pode aumentar ainda mais a despesa.

Prevê-se que, só em combustível, o gabinete de Sócrates gaste, por dia, 436,70 euros. Ou seja, estão previstas para o próximo ano, despesas no valor de 159.400 euros só em combustíveis e lubrificantes. Isto quando o Orçamento de Estado aprovado em 2005, ainda por Santana Lopes, previa despesas de 95 mil euros, isto é, menos 64 mil euros do que agora.

Especificando um pouco mais

177 mil euros é quanto Sócrates vai ter disponível só para despesas de comunicações, 80% deste valor será gasto em telemóveis, fazendo as contas: são 139.468 euros por ano, 382 euros por dia.

Falando agora de alojamentos, transportes e alimentação, fora ou dentro de Portugal, as despesas podem rondar os 135 mil euros, cerca de 370 euros por dia, ou seja, o equivalente a uma reserva por noite no hotel Ritz. Fora as refeições dentro do palácio de São Bento que chegam aos 101 mil euros, ou seja, 276 euros diários. No que diz respeito a material de escritório, estão previstos para o orçamento gastos na ordem dos 29 mil euros e 18 mil para condecorações, prémios e ofertas. Para as comemorações dos 100 dias de Governo, no Pavilhão Atlântico, o gabinete do ministro facultou 9.107 mil euros. E muitos são ainda os eventos em que Sócrates participa, os quais são patrocinados pela presidência do Conselho de Ministros (PCM).

O gosto exigente do primeiro-ministro fez-se notar logo em 2000, quando se tornou ministro-adjunto de António Guterres e redecorou todo o gabinete a que teve direito na altura. Em 2009, já no cargo de primeiro-ministro, quando a crise estava no seu pior, só nos jardins de São Bento foram gastos 33.950 euros. Já para não falar dos gastos na residência oficial do primeiro-ministro, que só com arranjos florais triplicaram, passando de 19.200 em 2009 para 63.000 euros em 2010. A nível de despesas com pessoal em São Bento, em 2011, Sócrates prevê gastar 2.67 milhões de euros. No total, o primeiro-ministro tem 10 assessores, o mais próximo e mais bem pago é Guilherme Dray, chefe de gabinete que ganha cerca de 5.069,90 euros por mês. Em 2009, ainda sem cortes orçamentais, o primeiro-ministro ganhava, por mês, cerca de 8.010 euros ilíquidos por mês. No entanto, e mesmo contra a sua vontade, em maio deste ano, com as pressões das agências de rating e dos parceiros europeus, depois de aprovar o PEC2 e com a imposição de Pedro Passos Coelho, Sócrates reduziu 5% no salário dos políticos.


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