Nova Iorque prepara-se para assinalar os ataques
A poucos dias do décimo aniversário dos atentados de 11 de Setembro, a Casa Branca enviou dois documentos normativos, um interno e outro destinado aos aliados estrangeiros, nos quais detalha a forma como deverão ser conduzidas as cerimónias em memória dos atentados que mudaram a face da América, em 2001.
Estes documentos têm como objectivo uma adopção uniforme do tom correcto a imprimir a todos os actos oficiais que terão lugar por altura das cerimónias de homenagem às vítimas dos atentados.
Para que as coisas corram da melhor forma, a Casa Branca decidiu criar dois tipos de regras normativas, para dois públicos diferentes: um interno e outro externo.
Para o auditório interno o documento de uma página já foi enviado para todas as agências federais, de acordo com o “The New York Times”, que teve acesso ao memorando. “O tema mais importante é mostrar ao mundo que percebemos que o 11 de Setembro - os ataques e, genericamente, o extremismo violento - não é apenas ‘sobre nós’”, disse um dos funcionários de uma agência federal, sob anonimato, descrevendo o documento interno emitido pela Casa Branca e que se intitula “9/11 Anniversary Planning”.
O documento explica ainda que as cerimónias irão homenagear os americanos mortos no 11 de Setembro, mas igualmente “todas as vítimas de terrorismo, incluindo aquelas que foram alvejadas pela al-Qaeda e por grupos do género em todo mundo”.
Nas linhas orientadoras conta-se ainda que é esperado que os americanos queiram ouvir dos líderes governamentais que medidas estão a tomar para prevenirem ataques semelhantes.
O documento refere ainda: “Centrar-nos-emos igualmente no espírito de unidade que prevaleceu logo após os atentados”.
No outro documento, dirigido aos aliados estrangeiros e cidadãos destes países e que foi enviado para as embaixadas e consulados americanos em todo o mundo, o objectivo é apresentar uma “narrativa positiva, a olhar para o futuro”, escreve o “The New York Times”.
Este documento indica que, o facto de al-Qaeda não ter tido um papel significante na chamada “Primavera Árabe”, revela que a rede terrorista está ultrapassada é uma coisa do passado, ao passo que as manifestações pacíficas no norte de África e Médio Oriente “representam o futuro”.
Fica por abordar a questão de muitos dos líderes depostos terem sido aliados e parceiros dos EUA em operações antiterroristas.
O facto de Osama bin Laden ter sido morto pelos serviços secretos norte-americanos é igualmente nomeado no documento como prova de que a rede terrorista se tem tornado cada vez mais “irrelevante”.
O documento encoraja ainda os funcionários públicos americanos a saudarem os esforços dos parceiros estrangeiros na luta contra o extremismo violento.
“Numa altura em que nos lembramos dos cidadãos de 90 países que morreram nos ataques de 11 de Setembro, homenageamos todas as vítimas de terrorismo, em cada nação do mundo”, indica o documento enviado para as embaixadas.
“Honramos e celebramos a resiliência de indivíduos, famílias e comunidades em cada continente, quer seja em Nova Iorque, Nairobi, Bali, Belfast, Bombaim ou Manila, Lahore ou Londres”, indica o documento.
Pontos comuns aos dois documentos: a “resiliência” dos americanos e o facto de não estar afastada a hipótese de poder haver um segundo atentado. “A resiliência toma muitas formas, incluindo a dedicação e a coragem de seguir em frente [...] Ao passo que nunca nos poderemos esquecer daqueles que perdemos, teremos que fazer mais do que simplesmente nos lembrarmos deles - teremos de suster a nossa resiliência e continuarmos unidos a fim de prevenirmos novos ataques e novas vítimas”.
Numa altura em que a Casa Branca afina as mensagens para as homenagens, as autoridades fazem saber igualmente que estão a redobrar os esforços para detectarem indícios de planos terroristas, internos ou externos, por altura do aniversário. Até ao momento não foram detectados complots nem aumentaram as ameaças, garantiram as mesmas autoridades.
Durante as celebrações de homenagem ao décimo aniversário do 11 de Setembro, o Presidente Barack Obama irá começar a fazer algumas aparições relacionadas com a tragédia quando faltarem escassos dias para o dia D. No passado sábado, Obama indicou que o aniversário deste ano será de “homenagem e lembrança”. Alguns especialistas envolvidos nas discussões pré-décimo aniversário do 11 de Setembro estimam que os EUA deveriam reconhecer, nos seus actos públicos, que as medidas adoptadas pelos EUA no rescaldo dos ataques originaram fúria em diversos países, por causa de decisões como a invasão do Iraque, detenções ilegais e interrogatórios com uso de técnicas que violavam os direitos humanos.
fonte: Público
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