Desde os atentados no Metro de Londres, em 2005, que a Europa não via nada assim. O centro de Oslo foi ontem transformado num cenário de guerra por duas explosões poderosas junto a edifícios ministeriais. Pouco depois, um atirador disfarçado de polícia disparou sobre participantes num encontro de juventude do Partido Trabalhista, na ilha de Utoya, arredores da capital. Registaram-se pelo menos sete mortos no atentado de Oslo e 10 a 20 no tiroteio.
O gabinete do primeiro-ministro, Jens Stoltenberg, foi arrasado por uma das explosões, que destruiu o edifício de 17 pisos. Nessa altura, o chefe de governo estava no encontro de jovens trabalhistas e presenciou o tiroteio. Em declarações à TV2 afirmou: "A situação em Utoya é muito crítica".
Segundo os relatos nas redes sociais, o pânico foi total. Na pequena ilha estavam centenas de jovens, muitos deles adolescentes. O atirador abriu fogo indiscriminadamente e, muitos, desesperados, lançaram-se à água para fugir às balas, outros subiram a árvores. A polícia afirmava ao final da noite que pelo menos dez jovens morreram mas fontes não oficiais falavam de dezenas de corpos espalhados no acampamento. Recorrendo a helicópteros, a polícia localizou e prendeu o atirador, descrito como um homem nórdico.
O grupo terrorista Ansar al-Jihad al-Alami reivindicou o atentado e adiantou, em comunicado, ter sido uma retaliação pela presença de tropas da Noruega no Afeganistão e publicação das caricaturas de Maomé na Noruega. Mas o governo não descartava a hipótese de terrorismo doméstico.
No centro de Oslo, quatro quarteirões em redor da zona atacada foram isolados por militares. Os habitantes que não saíram do centro da cidade no feriado que ontem se cumpriu foram instados a fazerem-no logo que possível.
Indícios encontrados revelaram que a explosão mais violenta foi causada por uma carrinha armadilhada estacionada junto ao Ministério do Petróleo. A bomba foi feita à base de fertilizante agrícola. A segunda explosão, pelas 14h55 (30 minutos após a primeira), terá acontecido num edifício muito próximo.
CLÉRIGO RADICAL INSPIRA MATANÇA
Após Dinamarca e Suécia, foi a vez de a Noruega conhecer o terrorismo. O atentado de ontem poderá estar relacionado com o processo movido contra o mullah Krekar, refugiado iraquiano que desde 2005 tem ordem de expulsão da Noruega e tem feito ameaças aos políticos.
GOVERNO PORTUGUÊS OFERECE COLABORAÇÃO
Os atentados em Oslo motivaram ontem uma reunião de emergência entre elementos do Executivo português, apurou o CM, mas a mesma não foi assumida oficialmente. Ao Correio da Manhã, o gabinete do Ministro da Administração Interna informou que "foram seguidos os procedimentos habituais nestas circunstâncias. O Ministro da Administração Interna enviou já uma carta ao seu homólogo norueguês a expressar a sua solidariedade e as suas condolências e colocando-se à disposição para qualquer colaboração entendida como necessária no âmbito da cooperação entre os dois países". Não foram divulgados mais pormenores sobre os assuntos discutidos nem se o nível de alerta das autoridades portuguesas foi elevado.
Contactada pelo CM, fonte oficial do Ministério da Defesa explicou que, por não se tratar de uma questão militar, qualquer medida excepcional de segurança "será sempre liderada" pelo MAI. Desde os atentados do 11 de Setembro em Nova Iorque que foram implementados planos suplementares de segurança e de combate ao terrorismo, que são accionados sempre que haja uma ameaça real ou um atentado, como o de ontem.
fonte: Correio da Manhã
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