A capa do "Il Giornale"
de sexta-feira não precisa de tradução. "Quarto reich", pode ler-se
em letras garrafais, em cima de uma fotografia da chanceler Angela Merkel a
fazer um gesto com a mão direita, normalmente associado à saudação nazi. O
"Il Giornale" é detido por Paolo Berlusconi, irmão de Silvio Berlusconi,
ex-primeiro-ministro italiano.
O artigo foi publicado na
sexta-feira, contribuindo para aquecer ainda mais o tom do debate em torno da
crise da zona euro. O jornal argumenta que Berlim colocou Itália e toda a
Europa de joelhos. "No Primeiro Reich, a Alemanha também queria o título
de Imperador de Roma e nos dois [reichs] seguintes usaram os seus meios contra
os outros estados da Europa, duas guerras mundiais e milhões de mortos não
foram obviamente suficientes para acalmar o ego alemão", escreve o
"Il Giornale", dizendo que, em vez de "usar canhões", desta
vez Berlim está a usar o euro. "Desde ontem [quinta-feira] que Itália já
não está na Europa, está no Quarto Reich."
Em junho, quando a selecção de
futebol italiana eliminou a Alemanha do Campeonato Europeu, o diário italiano
já tinha escrito na capa "ciao ciao culona" (algo como 'adeusinho
gorda'), uma referência a um comentário que Silvio Berlusconi terá feito no ano
passado acerca de Angela Merkel.
A capa do "Il Giornale"
é apenas mais um episódio no agravamento do tom da discussão entre os líderes
da zona euro. Ontem, Guido Westerwelle, ministro dos Negócios Estrangeiros
alemão avisou que "o tom do debate é extremamente perigoso".
"Temos de ter cuidado para não destruirmos a Europa com palavras. Não
podemos permitir que as nossas ações sejam reduzidas a tentativas para melhorar
a nossa notoriedade interna. E isso também se aplica à Alemanha."
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