O Palacete de Sant'Ana será a futura sede da maçonaria regular. Na mesma rua fica o terreno que acolherá as instalações do Colégio Mira Rio ©José Sérgio/SOL
A maçonaria e o Opus Dei vão passar a ser vizinhos, em Telheiras. A Grande Loja Legal de Portugal (GLLP) comprou por um milhão de euros o Palacete da Quinta de Sant’Ana, na Estrada de Telheiras. E a Socei – Cooperativa de Equipamentos de Centros de Ensino (que detém os quatro colégios ligados ao Opus Dei) adquiriu por quatro milhões e 200 mil euros a Quinta do Convento, na mesma rua.
Os dois imóveis foram comprados à Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL) e faziam parte de um lote que esteve em leilão, em Dezembro, mas no qual não apareceram licitadores. As duas compras, confirmou ao SOL o administrador da EPUL, Luís Bento, foram feitas na altura «por carta fechada» .
«Eram os dois imóveis mais emblemáticos da hasta pública. Mas o estatuto permitia que, se houvessem interessados, fossem retirados do leilão do início da sessão. E foi o que aconteceu» , recorda o responsável.
A GLLP – que na semana passada fez a escritura do imóvel, através do Montepio – vai transferir para aquele Palacete a sua sede, que actualmente se situa num edifício antigo em Alvalade. Além disso, a GLLP quer construir aqui um Museu da Maçonaria.
Já a cooperativa ligada ao Opus Dei, segundo apurou o SOL junto de fonte oficial da instituição, irá aproveitar o imóvel para ali transferir o Colégio Mira Rio – uma escola feminina que actualmente funciona em duas moradias no Restelo: uma na Avenida do Restelo (para as alunas mais novas do pré-escolar ao 5.º ano) e outra na Avenida Vasco da Gama para as estudantes do 6.º ao 12.º anos.
Edifícios simbólicos
«Estes dois imóveis, devido ao seu simbolismo, serviram para chamar a atenção para o leilão de Dezembro» , conta Luís Bento, acrescentando que a EPUL já conseguiu arrecadar, ao todo, 12 milhões e 800 mil euros com a venda de 70% dos imóveis que, em Dezembro, estiveram em hasta pública. «Mas nenhum foi vendido no leilão» , esclarece, explicando que devido à actual situação do país «muitas pessoas têm vergonha de levantar o braço e dar a conhecer que têm capital próprio» .
É que, ao contrário da GLLP (que recorreu ao Montepio Geral) e da Cooperativa ligada ao Opus Dei (que pediu ajuda o Banco Popular), as restantes vendas foram feitas a pessoas com capitais próprios, «sem recurso ao crédito da banca» , segundo Luís Bento.
A venda destes dois imóveis históricos necessitou da autorização da Câmara Municipal de Lisboa (CML). «E no caso da Quinta do Convento foi uma autorização reforçada porque pedimos autorização para ali serem construídas habitações, mas foi recusado. A CML exigiu que se destinasse a um equipamento como estava previsto e isso limitou a venda» – diz o administrador da EPUL, sublinhando que a construção de um colégio cumpre as regras impostas.
Sonhos antigos
«A ideia é passar o colégio para Telheiras. Vai ainda ser construído no terreno que foi adquirido , confirmou ao SOL fonte oficial da instituição de ensino, lembrando que esse era um «sonho antigo» . Até porque o colégio masculino do Opus Dei, o Planalto, «já funciona em Telheiras e em óptimas instalações» . Além destes, a Cooperativa de Ensino tem mais dois colégios no Porto: o Cedros (para rapazes) e o Horizonte (para raparigas)
Também há muito que a GLLP procurava uma nova sede, estando em negociações com a CML. O objectivo era que a autarquia ‘cedesse’ um prédio devoluto e em troca a GLLP recuperaria e pagaria uma renda.
Mas até agora as negociações não deram frutos, pois os maçons não gostaram de nenhum dos edifícios propostos. Segundo fontes maçónicas, a negociação continua. «Precisamos na mesma de mais sítios para as nossas lojas» , diz um irmão da GLLP, explicando que a obediência vai manter o edifício em Alvalade para que algumas lojas aqui possam reunir. De resto, a maçonaria regular tem, ainda em Lisboa, edifícios no Chiado, na Praça de Espanha e no Bairro Alto, onde os ‘irmãos’ se podem reunir. E também em Cascais, Sintra e Oeiras.
A direcção da GLLP vai agora fazer obras no Palacete de Sant’Ana – nomeadamente, para a sua adaptação aos rituais maçónicos, que obrigam a ter salas com determinados requisitos (como o chão, por exemplo, com azulejos pretos e brancos).
fonte: Sol
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