RELÓGIO DO APOCALIPSE

sexta-feira, 29 de março de 2019

Monsanto condenada a pagar mais de 70 milhões de euros por cancro ligado a herbicida

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Herbicida Roundup que contêm glifosato STEFFEN SCHMIDT/LUSA

Tribunal federal norte-americano considera que a exposição ao herbicida Roundup, que contêm glifosato, contribuiu para o desenvolvimento de um linfoma não-Hodgkin a um doente. Esta já é a segunda vez que a empresa alemã é condenada, mas vai recorrer da decisão.

A empresa agro-química Monsanto foi condenada esta quarta-feira pelo tribunal federal de São Francisco (Estados Unidos da América) a pagar 71,8 milhões de euros (81 milhões de dólares) a um cidadão norte-americano com um linfoma não-Hodgkin. A empresa adquirida pela alemã Bayer no ano passado foi acusada de não ter informado o cliente do risco potencialmente cancerígeno do herbicida Roundup, que contém glifosato. A Bayer anunciou que vai recorrer da sentença, mas os efeitos desta decisão judicial já foram sentidos: as acções da empresa afundaram mais de 10%, atingindo o seu nível mais baixo em mais de seis anos.

Edwin Hardeman, de 70 anos, utilizava o herbicida Roundup há mais de três décadas na sua propriedade no condado de Sonoma, na Califórnia. Em 2015 foi diagnosticado com um linfoma não-Hodgkin, um tipo de cancro que se desenvolve no sistema linfático e pode afectar várias partes do organismo. O tribunal federal norte-americano considerou que a exposição a este herbicida foi um “factor substancial” no desenvolvimento do cancro deste doente, refere o jornal Le Monde. Esta não é a primeira vez que a empresa alemã é obrigada a pagar uma indemnização: em Agosto de 2018 a Bayer foi condenada a pagar 251 milhões de euros a um jardineiro a quem também foi diagnosticado um linfoma não-Hodgkin, nessa altura a empresa também recorreu da sentença.

A agro-química continua a defender o seu produto e a negar que o glifosato possa ser perigoso para a saúde humana. A Bayer afirmou ainda que “o veredicto não muda o peso de mais de 40 anos de ciência, nem os resultados dos reguladores em todo o mundo que argumentam que os herbicidas com glifosato são seguros e não-cancerígenos”, citado pela Agência Reuters.

Apesar da idade avançada e do historial de hepatite C (uma condição que pode aumentar o risco de desenvolver este tipo de cancro) a gigante alemã foi considerada culpada. A decisão do tribunal federal norte-americano foi também influenciada pelo facto de existirem também cerca de 700 queixas semelhantes pendentes no mesmo tribunal e 11.000 casos idênticos já em andamento nos Estados Unidos da América. No entanto, a empresa alemã acredita que esta condenação não vai afectar o rumo dos casos ainda por julgar, alegando que “cada um é marcado pelas suas próprias circunstâncias, legais e factuais”, afirmou ao Le Monde.

O glifosato é um dos herbicidas mais utilizados em Portugal e no mundo por ser um produto de baixo custo e eficiente no combate às ervas daninhas. A autorização de comercialização na União Europeia deste herbicida está em vigor até 2022. Apesar do sucesso de vendas, o glifosato já foi alvo de várias polémicas e os seus efeitos para a saúde humana e para o ambiente continuam a ser discutidos.

Em Março de 2015, a Agência Internacional para a Investigação do Cancro da Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou que o herbicida era genotóxico e “provavelmente” um carcinogénico, levando a preocupações a nível mundial sobre o perigo desta substância para a saúde humana. Porém, em 2017, os Estados-membros aprovaram a proposta da Comissão Europeia para a renovação da licença de uso do glifosato por mais cinco anos, até 15 de Dezembro de 2022. Segundo um outro estudo publicado à data na revista Science of the Total Environment e citado por associações ambientalistas, Portugal é o país europeu mais contaminado por este herbicida. 

Já em Janeiro deste ano, veio a público que o relatório encomendado pela União Europeia sobre os riscos da utilização de glifosato (e que foi decisivo para a tomada de decisão que autorizou o herbicida na Europa em 2017) foi copiado de um documento que a Monsanto e os seus parceiros industriais, produtores da substância, entregaram às autoridades europeias.

O linfoma não-Hodgkin (LNH) afecta sobretudo pessoas com idades avançadas e é mais predominante em homens do que mulheres, representando mais de 80% dos casos de linfoma. Ao longo dos últimos anos, a incidência deste tipo de cancro na população tem vindo a aumentar.

fonte: Público

sábado, 16 de março de 2019

Sistema de reconhecimento facial utiliza fotos retiradas da internet sem permissão


A tecnologia tem vindo a evoluir rapidamente, mas especialistas afirmam que esta se tem servido de milhões de fotos disponíveis na internet sem qualquer conhecimento de quem as publicou.

O sistema de reconhecimento facial é uma tecnologia que se baseia em algoritmos que estudam os traços distintivos de rostos humanos. Através dela é possível identificar uma pessoa através de uma imagem digital ou mesmo de um frame de vídeo, comparando esses traços com aqueles de que dispõe na sua base de dados.

Esta tecnologia é utilizada para os mais variados fins. As suas principais aplicações relacionam-se com questões de segurança, embora também possa ser usada, por exemplo, como método de autenticação em bancos, ou até como forma de desbloqueio do telemóvel.

De modo a permitir e aperfeiçoar o seu funcionamento, é necessário o recurso a centenas de milhares de fotos. Sendo assim, a internet apresenta-se cada vez mais como um banco de dados apetecível para o desenvolvimento desta tecnologia. É possível encontrar facilmente na rede imagens categorizadas por idade, género ou tom de pele, entre outras características.

De acordo com a NBC News, é precisamente com o recurso à internet que empresas como a IBM têm vindo a desenvolver a sua pesquisa de reconhecimento facial. No passado mês de janeiro, a empresa americana disponibilizou um milhão de imagens retiradas do site Flickr e codificou-as para categorizar a aparência dos fotografados.

No entanto, quando contactados pela NBC, os fotógrafos responsáveis pelas imagens reagiram com surpresa ao tomar conhecimento de que as suas fotos estariam a ser utilizadas para o desenvolvimento de algoritmos de reconhecimento facial. Greg Peverill-Conti, autor de mais de 700 dessas fotos, afirmou mesmo que nenhuma das pessoas que fotografou faria a mínima ideia de que a sua imagem estaria a ser usada para esses fins.

Apesar das garantias da IBM de que os utilizadores podem sair da base de dados a qualquer momento, a questão não é tão simples. A empresa pede que os fotógrafos enviem por email os links das fotos que pretendem que sejam removidas, mas não divulgou publicamente a lista de utilizadores e fotos do Flickr que incluiu. Sendo assim, é difícil descobrir quais as fotos que estão a ser utilizadas.

De acordo com Jason Schultz, professor da faculdade de direito da NYU, este tipo de prática é recorrente por parte de equipas de pesquisa de Inteligência Artificial, afirmando que as mesmas “pegam em quaisquer imagens que estejam disponíveis”. Para além do Flickr, também Facebook, Wikipedia, Google Images ou YouTube têm sido usados de forma crescente como fonte de imagens e vídeos no desenvolvimento do sistema de reconhecimento facial.

fonte: SapoTek

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