RELÓGIO DO APOCALIPSE

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Mulheres indígenas estão a ser esterilizadas à força no Canadá

 

Os líderes indígenas do Canadá referem que o país ainda não reconheceu totalmente o seu passado colonial conturbado, ou pôs fim a uma prática de décadas que é considerada genocídio.

Diversos ativistas, médicos, políticos e pelo menos cinco ações coletivas alegam que, no Canadá, as mulheres indígenas continuam a ser esterilizadas à força, uma prática abandonada pela maioria dos países desenvolvidos.

Um relatório lançado pelo Senado, no ano passado, concluiu que "esta prática horrível não se limita ao passado, mas claramente continua até hoje", tendo, em maio, de 2019, um médico sido punido por esterilizar à força uma indígena.

Não existem estimativas precisas sobre a quantidade de mulheres que estão a ser esterilizadas contra a sua vontade, mas especialistas indígenas garantem que ouvem regularmente reclamações sobre este tema, com a senadora Yvonne Boyer, cujo gabinete está a recolher os dados limitados disponíveis, a indicar que pelo menos 12 mil mulheres foram afetadas desde a década de 1970.

"Sempre que falo com uma comunidade indígena, fico inundada de mulheres a dizerem-me que foram alvo de esterilização forçada", alertou Boyer, que tem herança indígena Metis, em entrevista à AP.

Os líderes indígenas do Canadá referem que o país ainda não reconheceu totalmente o seu passado colonial conturbado, ou pôs fim a uma prática de décadas que é considerada genocídio.

fonte: Sol

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Fuga de documentos secretos: FBI detém militar Jack Teixeira

 


Jack Teixeira, de 21 anos, é o principal suspeito de ter divulgado documentos confidenciais do Pentágono. É membro da Guarda Aérea Nacional de Massachusetts e era o administrador de um grupo nas redes sociais onde os documentos começaram a ser divulgados.

O FBI deteve esta quinta-feira o militar Jack Teixeira, de 21 anos, membro da Guarda Aérea Nacional de Massachusetts, suspeito de ter divulgado documentos confidenciais do Pentágono, avança a CNN Internacional.

Os investigadores do FBI acreditam que este militar, especialista em informações, era o administrador de um grupo nas redes sociais onde os documentos começaram a ser divulgados, na passada semana.

Jack Teixeira, de 21 anos, natural de Swansea, estado de Massachusetts, deverá prestar declarações por suspeita de divulgação de documentos confidenciais.

O Departamento de Justiça norte-americano e o FBI estão há vários dias a investigar a origem da fuga de informações confidenciais do Pentágono, que foi relatada pela primeira vez na passada semana.

No início desta semana, um porta-voz do Pentágono reconheceu que as revelações feitas por esses documentos representam um "risco muito sério para a segurança nacional", e o Departamento de Justiça abriu uma investigação para identificar a pessoa responsável.

"Estamos cada vez mais perto (de descobrir a origem da fuga)", admitira já esta quinta-feira o Presidente Joe Biden, acrescentando que, embora estivesse preocupado com a divulgação de documentos confidenciais, não há nada neles que considere "de grande importância".

Discord, a plataforma que terá estado na origem da fuga de informação

As autoridades norte-americanas admitem que a fuga tenha começado na Internet, na Discord, uma plataforma de redes sociais popular entre pessoas que jogam online.

A Discord acolhe chats de voz, vídeo e texto em tempo real para grupos e descreve-se como um site "onde se pode pertencer a um clube escolar, um grupo de jogos ou uma comunidade artística mundial".

Num desses fóruns - originalmente criado para tratar de diversos assuntos - os membros debatiam a guerra na Ucrânia, quando um membro não identificado compartilhou documentos que alegou serem classificados.

Esses documentos acabariam por ser reconhecidos como contendo informações confidenciais do Pentágono.
A pista digital deixada na Discord está a ajudar os investigadores a descobrir quem revelou os documentos, tendo levado até ao administrador do grupo, Jack Teixeira.

Folhas dobradas: mais uma pista na investigação

Na maioria das fotografias de documentos divulgados, as fotos são de cópias em papel que parecem ter sido dobradas em quatro - como se tivessem sido enfiadas no bolso e depois digitalizadas, o que poderá servir de pista para a investigação.

Nos dias a seguir à revelação dos documentos, o Pentágono remeteu para o Departamento de Justiça a investigação sobre a origem da fuga, alegando que se tratava de uma questão criminal

Mesmo que a pessoa que procedeu à divulgação dos arquivos seja um membro ativo das Forças Armadas dos EUA - como parece ser o caso, com o nome deste membro da Guarda Aérea Nacional - o Departamento de Justiça manterá a condução das investigações, até que, perante essa hipótese, a situação seja comunicada ao Departamento de Defesa.


domingo, 15 de novembro de 2020

Nova Ordem Mundial é realidade



Preferia não ter razão, que tudo isto não se tivesse concretizado...

Durante todos estes anos, os mais cépticos me chamavam teórico da Conspiração. Mas, repare, a Nova Ordem Mundial é hoje uma realidade. O Covid está a todo o vapor a reduzir a população à escala Mundial. Alguns Países como a França preparam-se para decretar recolher obrigatório em algumas cidades (Paris por exemplo). Em Portugal os serviços de saúde estão saturados e alguns milhares de pessoas vão morrendo silenciosamente (sem contar para as estatísticas) porque cirurgias são adiadas ou canceladas.

Em estado de Emergência, por exemplo, as autoridades podem entrar em casa de qualquer cidadão, sem necessidade de mandato judicial.

Vai ser obrigatório instalar a aplicação "StayAway Covid" que monitoriza a sua posição geográfica em tempo real. Obviamente eles dizem que é seguro, anónimo, que a salvaguarda dos seus dados é garantida. Será que sim? Quando milhões de Portugueses instalarem, essa base de dados (números de telemóveis e nomes completos) terá muito valor a nível de marketing, e todos os seus passos serão rastreados (a sua posição geográfica) em tempo real em virtude do "bem da sociedade". Tudo pela nossa saúde e por um "bem maior", tal como nos contaram livros como "Admirável Mundo Novo". 

O "Bem de todos nós" será ainda uma boa fonte de receitas para o Governo, pessoas que não usarem máscara ou aplicação Stayaway Covid podem pagar multas até 500 euros.

PS: O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admite voltar ao estado de Emergência, caso os números de infectados e de mortos aumente.


Maçonaria junta 200 pessoas em jantar na Penha Longa

 

Homens chegaram primeiro e as mulheres depois.

A Grande Loja Soberana de Portugal (GLSP), uma das várias lojas maçónicas que existem no nosso País, juntou este sábado cerca de 200 pessoas num jantar realizado no hotel Ritz Carlton, na Penha Longa, em Sintra, apurou o CM.

Em período de contingência em face da Covid-19, este ajuntamento foi criticado por muitos maçons, que se recusaram mesmo a estar presentes.
O evento tratou-se de um jantar de gala, em “honra das senhoras”, e que servia para comemorar também o segundo aniversário da Grande Loja Soberana de Portugal.

A inscrição custava 35 euros por pessoa, e as regras obrigavam os presentes a fatos de gala. Durante o dia os homens estiveram sozinhos em Sintra, e só à noite se juntaram as mulheres, que tiveram direito a uma noite especial.

No início do evento foi entoado o ‘Fado da Soberana’, um tema de Vasco Lima com versos de Fernando Correia, que é considerado uma litania maçónica que é recitada em cada encontro.

Contactados pelo CM, elementos da daquela unidade hoteleira disseram não ter conhecimento da organização e realização do jantar.

A GLSP tem como grão-mestre João Pestana Dias.


domingo, 7 de junho de 2020

Tecnologia em Estado de Emergência: Preparação da Nova Ordem Mundial Totalitária?


Muitas pessoas têm contestado a falta de liberdades à qual a quarentena mundial está a obrigar. Todo o processo está centralizado na Organização Mundial de Saúde, instituição subordinada da Organização das Nações Unidas. 

Já em 2012 Diogo Freitas do Amaral, então ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, declarava publicamente numa entrevista ao DN a 16 de maio, de que precisávamos de uma Nova Ordem Mundial (NOM). Na sua opinião a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), tal como criada em 1948, estava a perder a sua força perante os novos desafios globais. 

Por essa razão teria de ser dada nova redação à DUDH para que pudesse ser eficaz no mundo complexo e superpovoado de hoje. A Ordem Mundial que saiu dos escombros da II Guerra Mundial chegou ao fim do seu ciclo com o fim do poder soviético, com a perda de força dos EUA e com o poder chinês a emergir como candidato à potência líder do mundo. A corrida ao nuclear, seja para mísseis bélicos seja para construção de centrais geradoras de eletricidade, é preocupante em países tendencialmente totalitários, os quais têm feito alianças militares ainda mais perturbadoras como é o caso da Organização para Cooperação de Xangai (OCX) que pretende ser uma anti-NATO. 

A ONU tem sido demasiado suave a tratar estas questões globais com diplomacia burocrática e ineficaz. E sem uma gestão eficaz dos problemas globais, o mundo pode começar a perder o pouco equilíbrio que tem. Um exemplo disso é a resposta distinta que todos os países do mundo estão a dar perante a mais perigosa pandemia deste século, que pode (ainda não sabemos) tornar-se em algo realmente descontrolado, pondo em risco o modo de vida humano, tal como o conhecíamos do séc. XX. Em apenas 4 meses já virou a economia do avesso e gerou pobreza a uma velocidade nunca imaginada. E só estes problemas vão demorar vários anos até serem ultrapassados, isto num cenário desta crise vir a ser ultrapassada.

Com o pretexto da preocupação em resolver certos problemas sociais associados à pandemia, temos assistido à introdução de algumas tecnologias que são perturbadoras, quando pensamos que podem rapidamente tornar-se “normais” e levarem à assumpção de estados totalitários, onde os indivíduos são totalmente controlados a todo o momento. O caso da China já é conhecido e tem sido o mais falado nos últimos anos. Uma sociedade controlada a 100% pela tecnologia mais sofisticada de sempre de reconhecimento facial e corporal onde a cada cidadão é penalizado por todas as violações que comete no dia a dia, podendo perder privilégios ou acesso a determinadas profissões ou serviços, tudo isto feito em tempo real, tal como previsto na série Black Mirror

Ainda assim, tentou subornar a OMS para que não revelasse a verdade da pandemia em Wuhan. O primeiro país europeu a assumir medidas draconianas foi a Itália quando foi decretado o Estado de Emergência. Primeiro o isolamento da Lombardia, depois cidades fechadas e finalmente toda a Itália em lockdown. Depois a Espanha. 

E rapidamente aceitámos como normal um quase Estado de Sítio, não muito diferente da Lei Marcial. Pela primeira vez, a OMS consegue que a Nova Ordem Mundial se assuma pela via da força. 

Sob a ameaça de uma pandemia da qual os contornos conspiratórios ainda não são nada claros, aquilo que se tornou visível para os cidadãos comuns é que os Estados mandam nas suas vidas, nas suas empresas, nos seus negócios, nas suas economias. Num curto espaço de tempo foram tomadas medidas por comissões específicas para tal, país a país, para comandar e condicionar a vida da população mundial, sem que para o efeito houvesse um consenso mundial. 

O que deu imediatamente azo a abusos por parte de alguns países, de que é o caso mais evidente, o Brasil.

Dos Estados Unidos começam a chegar também notícias preocupantes. À semelhança de Bolsonaro, Trump começou por desvalorizar a crise do novo coronavírus, mas aos poucos foi aceitando a realidade pandémica. No entanto, tem instigado grupos radicais a apoiá-lo veladamente nas ruas, contra o lockdown, para que a economia norte-americana não sofra um impacto negativo tão forte. 

E estes grupos não estão minimamente preocupados com a perda de liberdades, mas sim com os seus bolsos. No entanto, criada a confusão na opinião pública, a OMS continua a estimular que os Estados tomem medidas para evitar a disseminação do vírus e esta semana o Estado de Kentucky lançou a pulseira eletrónica como medida para manter cidadãos testados positivamente para Covid-19 em suas casas

A medida pode parecer lógica, mas ao mesmo tempo, significa tratar cidadãos como potenciais criminosos. E este princípio é o mesmo do medo que muitos estados totalitários pretendem disseminar junto de toda a sociedade, até conseguirem os seus fins últimos. 

Depois de apagar milhões de posts e vídeos contra a vacinação obrigatória, o Facebook prepara-se agora para criar uma “instância independente”, um conselho de 20 personalidades de todo o mundo que moderará os conteúdos mais polémicos da rede. A liberdade da internet passa a ter um controlo cada vez mais apertado, já que obedecerá a leis locais dos países, mais do que a princípios de transparência, liberdade de expressão e justiça, apesar do Zuckerberg negar este facto. 

Por exemplo, o Facebook já foi várias vezes acusado de não apagar muitos posts que suportam o Fascismo italiano, alegando que se trata de um movimento político legal em Itália, reconhecido historicamente. Esta rede social também já foi acusada em tribunal de apoiar determinados candidatos políticos, apagando posts dos opositores, um pouco por todo o mundo. 


Também desde o escândalo da Cambridge Analytics que a rede social assumiu a sua política de cookies ainda mais agressivamente. Com um logaritmo aplicado a cada usuário, toda a informação e publicidade da internet é dirigida a esse mesmo usuário em função das suas buscas em sites, motores de busca ou likes.

Ainda mais preocupantes foram as declarações da OMS em abril passado sobre a possibilidade de as autoridades terem poderes para entrarem em casas particulares para retirar membros de famílias que estejam infetados para serem isolados de forma “adequada”. 

Esta declaração foi proferida por Michael O’Brien, responsável da OMS, enquanto estava sentado ao lado do diretor-geral Tedros Adhanom. A mesma OMS tem sido acusada de estar a fabricar o pânico mundial para fomentar o uso global de uma vacina, que trará a algumas farmacêuticas de renome contratos de biliões com a maioria dos países, por muitos anos. Para além disso, a obrigação de regras de higiene sanitária mundiais estão já a fazer lucrar todo o setor da medicina e da farmacêutica, pública e privada. E no meio da confusão gerada pela OMS, a qual está incluída na ONU, que defende uma Nova Ordem Mundial, muitos países estão a aproveitar para lucrarem milhões em negócios com a China para equipamentos de proteção. 

Ainda segundo a opinião de muitos, o lockdown reduz o contágio numa 1.ª vaga, mas vai causar a curto e médio prazos falta de imunidade natural, gerando vagas de Covid-19 posteriores muito mais violentas e mortais. No meio de muitas histórias mal contadas, há também o caso dos médicos-chefes de serviços ligados ao combate da Covid-19, a serem aparentemente assassinados ou silenciados por serviços secretos. Brevemente vários países democráticos pensam adotar a aplicação de telemóvel que já foi adotada na China, de classificação de cidadãos como “vermelho”, “amarelo” ou “verde” relativamente ao seu estado de infeção à Covid-19.

Outra situação preocupante é a utilização e banalização da robótica para controlar humanos em tempo de pandemia. Nos hospitais que combatem na frente de batalha o Covid-19, foram introduzidos dezenas de robots auxiliares, sob o pretexto de reduzirem o contágio entre pacientes. 

Drones estão a ser usados para controlar cidades, praias, jardins e outros espaços públicos, um pouco por todo o mundo. No Brasil esta tecnologia está a ser usada massivamente para alertar pessoas nas ruas a manterem o distanciamento, mas foi usada em 2018 para combater cidadãos nas favelas que foram massivamente abatidos a tiro pela polícia federal, sem direito a prisão e julgamento. Também preocupante foi a notícia esta semana de que em Singapura um cão-robot fazia o patrulhamento de um parque urbano. Este tipo de imagens já vimos em séries pós-apocalípticas e não parece ser um bom presságio dos tempos futuros. 

Porque razão, justamente quando o mundo inteiro está fechado em suas casas são lançados robots para criarem a ideia de um Estado de Polícia, frio, desumano, controlado por máquinas, automaticamente? Nalguns países, nos EUA por exemplo, a própria polícia parece estar a aproveitar-se da situação de crise pandémica, para exercer perseguições racistas, sob o pretexto de fazer aplicar normas do Estado de Emergência. 

Um pouco por todo o lado, cidadãos são multados por não usarem máscaras (como em Portugal) em locais obrigatórios ou até agredidos violentamente, como na Índia. Em vez dos Estados estarem a contribuir para a solução, estão a agravar a situação das famílias com multas absolutamente desproporcionais aos seus baixos salários?

Também as quarentenas em hotéis estão a levantar questões jurídicas sérias aos direitos e liberdades de quem viaja, mesmo considerando que estamos em tempo de pandemia. Todo o transtorno causado à vida das pessoas está a ser empolado e exagerado criando o medo de sair à rua, de conviver, de demonstrar afetos. 

Muitas vezes os governos lançam as medidas para a pandemia mas a previsão da sua aplicabilidade à realidade não é compatível com a vida das pessoas. O fator humano parece estar a ser retirado da equação. Mas este novo mundo ainda está por desbravar. Vem aí o verão e vamos ser controlados como insignificantes humanos, com cercas, drones e militares nos areais.

Muita confusão se prevê, prisões, multas, conflitos. E sempre o mesmo Estado de Medo e Autoridade presente em todas as atividades humanas. 

Sem previsão ainda de uma vacina, se este estado de coisas se mantiver, certamente muitos países, em nome da “Ordem” social, continuarão a aplicar as suas políticas cada vez mais restritivas das liberdades individuais. E a pergunta que se deve colocar neste momento, até quando?

Texto de Pedro M. Duarte


sábado, 18 de abril de 2020

Edward Snowden: O Covid-19 é um Pretexto Para Aumentar os Poderes Invasivos do Estado

Edward Snowden: O Covid-19 é um Pretexto Para Aumentar os Poderes Invasivos do Estado

Edward Snowden, o homem que expôs a imensa máquina de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), alertou que um aumento na vigilância em relação à crise do coronavírus pode levar a restrições severas das liberdades civis no futuro.

Durante uma entrevista em vídeo-conferência para o Festival de Documentários de Copenhaga, Snowden disse que, novos poderes introduzidos pelos Estados para combater o surto de covid-19 podem permanecer em vigor depois da crise passar.

“Eu acho crucial ter em mente a perspectiva de que numa sociedade livre um vírus é perigoso mas a destruição de direitos é fatal. É algo permanente que não voltamos a ter. Se temos um direito pelo qual fizemos uma revolução ou se fez um movimento, que demorou 100 anos de esforço para conquista e depois o perdemos num momento de pânico – essa é uma ligação com o 11 de Setembro, onde nasceu o Patriot Act e a vigilância em massa.”

Questionado pelo entrevistador directamente sobre a suspensão temporária de direitos, Snowden foi peremptório respondendo com outra pergunta: “Quando foi a última vez que viste uma suspensão breve das liberdades civis?”, reforçando em seguida a ideia de que o estado de emergência tende a perdurar, por uma certa afeição das autoridades aos novos poderes adquiridos.

Numerosos países europeus, incluindo Itália, Reino Unido e Alemanha, fizeram acordos com empresas de telecomunicações para utilizar dados anónimos para criar mapas de calor virtuais dos movimentos das pessoas.

Israel concedeu aos seus serviços de espionagem poderes de emergência para invadir os telefones dos cidadãos sem um mandado. A Coreia do Sul tem enviado alertas de texto para avisar as pessoas que possam ter estado em contacto com um paciente com coronavírus, incluindo detalhes pessoais como idade e sexo. Singapura está a usar uma aplicação para monitorizar a propagação do covid-19 através do controlo de pessoas que possam ter sido expostas.

Na Polónia, os cidadãos em quarentena têm de descarregar uma aplicação governamental que os obriga a responder a pedidos periódicos. Taiwan introduziu um sistema de “cerca electrónica” que alerta a polícia se os pacientes em quarentena se deslocarem para fora das suas casas.

domingo, 29 de dezembro de 2019

Vamos ter as doenças que os políticos quiserem


Sobrinho Simões e Elsa Lagartinho falam sobre as doenças do futuro © Leonel de Castro/ Global Imagens

Sobrinho Simões, médico, 71 anos, investigador na área do cancro, e Elsa Logarinho, 46 anos, especialista em genética e líder da equipa que descobriu o gene da juventude, falam sobre as doenças e a sociedade que aí vem.

Uma hora e dois minutos. Foi quanto bastou para que Sobrinho Simões e Elsa Logarinho lançassem algumas questões sobre o futuro. Poderiam ter sido duas, quatro, quantas pudessem levar-nos a esmiuçar o sentido de cada palavra, de cada pensamento de um e de outro, para melhor aprofundarmos o que de inquietante aí vem. Mas sempre no pressuposto de que o que dizemos hoje pode não ser verdade em 2064. Tudo vai depender dos políticos que mandarem no mundo e das políticas que definirem. Fala-se muito do esgotamento dos recursos naturais mas, na opinião dos cientistas, a política, a comunicação e os relacionamentos também se esgotaram. «Hoje já não somos só o que comemos, somos muito mais e seremos cada vez mais aquilo que os políticos definirem para o nosso bem-estar, desde as políticas ambientais, de saúde, de trabalho, de natalidade, de compensação, etc.», diz Sobrinho Simões.

Seremos tudo o que conseguirmos prevenir e fazer para mudar a nossa vida. Sem medos nem receios da palavra envelhecimento, porque este é o caminho a partir do momento em que se nasce. «Começamos a envelhecer assim que nascemos», diz Elsa Logarinho. Afinal, é esta a doença que aí vem, de forma crónica, não aguda, e para todos, «se não dermos antes cabo do mundo», alerta o professor.

Hospital de São João, no Porto, numa manhã de terça-feira antes do Natal. As agendas dos dois cientistas estão recheadas de compromissos, mas um e outro adaptaram-nas. Para a conversa levaram pensamentos, ideias para discutir, mas também uma só pergunta: o que vai acontecer? O DN lançou outra.

Que doenças vamos ter em 2064? «Muitas, não tenho dúvidas, e a Elsa? Não sabemos o que nos vai acontecer, isso é impossível. Sabemos que vamos ficar muito velhinhos, vamos esticar tanto a idade das pessoas que vamos ter mais doenças, mas de outro tipo. Os cancros, por exemplo, serão pequeninos. O corpo de um velhinho não tem energia para que um cancro se desenvolva. Vão aparecer na mesma, até mais, mas quanto mais velhinhos ficarmos mais pequeninos serão.»

"Os políticos podem decidir que a partir de hoje ninguém come carne, ninguém anda de carro e ninguém usa plásticos. Nós obedecemos e assim acredito que possa haver mudanças."

«O que tem graça é que os cancros vão aumentar muito como incidência, mas não como causa de mortalidade», completa Elsa. «Vamos morrer de outras coisas. Em relação às doenças neurodegenerativas e ao Alzheimer, está previsto que em 2050 dupliquem, mas a esperança média de vida também vai aumentar para os 80 e muitos anos. Se hoje uma pessoa com 65 é capaz de procurar um geriatra, em 2064 projeto que só o faremos com 75 ou mais anos.»

Mas quais são as doenças que nos vão atacar mais?, insistimos. As que já existem, como o cancro, a diabetes, a artrite reumatoide, ou outras? Para o professor Sobrinho Simões, «vamos ter é insuficiência cardíaca, doenças cardiovasculares, insuficiência sistémica, essas vão ser as grandes doenças». Elsa Logarinho fala em «infeções e doenças virais. «Nem vai ser preciso que sejam vírus de estirpes muito raras, podem até ser de estirpes banais, mas se atacarem alguém em idade mais avançada será difícil dar a volta à infeção. Consegue fazer-se isso em pessoas mais jovens, mas com idade avançada não, porque já houve uma perda de resposta autoimune.»


O professor olha para a doutora e explica: «O que a Elsa está a dizer é muito importante. Vêm aí as doenças por falência da capacidade de resposta do organismo, porque vamos chegar a muito velhinhos e perder cada vez mais a eficiência na reparação de erros no nosso organismo, os erros que se vão acumulando ao longo do tempo. Só que seremos tão velhinhos que nada disto será dramático.»

Não? Nem assustador ou doloroso? O envelhecimento não nos fará sentir assim? «Não. Nada será dramático», responde o professor já reformado. Pelo contrário, «vai ser a possibilidade que temos de sobreviver com uma qualidade de vida muito longa».

"Vêm aí as doenças por falência da capacidade de resposta do organismo, porque vamos chegar a muito velhinhos e perder cada vez mais a eficiência na reparação de erros no nosso organismo."

Lado a lado na sala de reuniões do serviço de patologia, o diálogo entre os dois faz-nos perceber que vamos chegar a velhos, a muito velhinhos, com cancros, infeções e sem resposta imunitária para algumas situações. «À medida que temos envelhecimento vamos tendo ou não resposta imunitária à inflamação. Por isso, hoje usamos muito uma palavra, inflammaging», diz Sobrinho Simões.

O que é o envelhecimento senão um estado inflamatório? A diferença, diz Elsa Logarinho, «é que é um estado inflamatório crónico e não agudo. Não é como uma gripe». A bioquímica, que aos 15 anos soube que queria seguir investigação, esclarece: «O nosso organismo vai acumulando células velhinhas, zombies, senescentes, e essas células são pró-inflamatórias, enviam para o sistema imunitário químicos e proteínas que provocam estados inflamatórios. Mesmo as células saudáveis que estão vivas e na vizinhança acabam por estar sujeitas a essa inflamação. Daí o inflammaging.»

Sobrinho Simões interrompe: «Em 2064, as pessoas vão ter mais de 100 anos. A doutora sabe disto muito mais do que eu. Ela estuda o envelhecimento. Mas há algo que eu sei: temos muito pouca tradição de começarmos a cuidar-nos desde o nascimento.»

A conversa toca num ponto essencial: «Temos a palavra cuidar, mas ao contrário do que se pensa o cuidar não é compaixão - que também é importante. Mas este cuidar tem que ver com a ética do care. É o cuidar desde o nascimento. Portanto, a primeira coisa a fazer para se ter um velhinho razoável, saudável, é que seja cuidado desde recém-nascido, para já não falar da gravidez», afirma o patologista, acrescentando que se há mudanças que temos de fazer no futuro esta é uma delas. «As pessoas têm de começar a pensar em cuidar-se muito antes. As crianças têm de brincar, saltar à corda, têm de se mexer e têm de se relacionar.»

"A falta de atenção, de tempo, de ausência de relacionamentos, pode levar-nos a doenças ainda mais graves: às sociopatias. Serão estas as doenças do futuro? Não, Estas já são doenças do presente."

Elsa Logarinho interrompe-o também: «Isso é muito interessante. Os estudos sobre o envelhecimento estão a tentar perceber qual é o impacto a nível celular de todas as receitas que conhecemos, como as dietas, a restrição calórica, os períodos de jejuns, a importância do sono, o respeitar o ciclo circadiano, o exercício físico. Todos estes fatores estão a ser testados no modelo animal para se perceber a nível celular e molecular como podem influenciar e aumentar a esperança de vida no modelo animal e, depois, certamente no humano.»

Sobrinho Simões lança a dica da fome à investigadora e ela responde: «A fome é um aspeto muito curioso. Quando ficamos doentes, o que nos acontece logo? Deixamos de comer. É uma resposta ao estado inflamatório do nosso organismo. Faz-nos jejuar para baixarmos a inflamação.»

Ele acrescenta: «É uma resposta inteligente do organismo. As pessoas têm de dormir, as crianças têm de brincar, de aprender a lavar os dentes, não podem ter cáries, tudo isto importa.» E ela garante: «O pior no envelhecimento é o açúcar.»

Sobrinho Simões continua: «Há dietas que podem associar-se a certos tratamentos de doenças. Não são aquelas em que nos dizem que podemos comer muitos brócolos. Gostam de brócolos? Comam, mas não se encham disso. Temos é de ter esta noção: diminuir os hidratos de carbono. Os portugueses fazem uma alimentação hipercalórica, encharcam-se em açúcar.» Neste momento, e de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), trinta por cento das nossas crianças sofrem de obesidade. Não pode ser, algo tem de mudar. E a carne? Há que eliminá-la de vez da alimentação?, perguntamos. «Isso não, mas consumi-la com bom senso», defende o professor.

«A carne também tem o problema da sustentabilidade ambiental. A sua produção está a destruir o ambiente», argumenta a investigadora. O professor brinca: «As vacas é que estão a dar cabo disto tudo, mas nós gostamos tanto de carne... A grande descoberta é que em dois milhões de anos o ser humano ficou muito esperto. É algo extraordinário, e não sou crente. Saiu melhor do que as encomendas, mas agora podemos dar cabo de tudo.»


Dar cabo do mundo? «Claro», responde o professor. «Não é o capitalismo que vai dar cabo disto. Muito antes de acabar o capitalismo acaba o mundo, literalmente. As pessoas não fazem ideia do que está a acontecer com o clima ou com a biodiversidade.» A investigadora do I3S, que integra o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup), interrompe-o: «O desequilíbrio da biodiversidade compromete o futuro e, em termos de projeções de doenças, podemos dizer que os grandes predadores - ratos, insetos, mosquitos -, que estão a ter migrações muito atípicas, são os maiores portadores de vírus. Na pior das projeções para 2064, posso prever que apareçam novas estirpes de vírus que não conseguiremos controlar. Estirpes com outras temperaturas, humidades. Por exemplo, o degelo do Ártico. Está tudo preocupado com o aumento do nível do mar, e com o que está no gelo? É que ali também estão vírus e bactérias que desconhecemos e que podem chegar cá.»

O ambiente e a biodiversidade entram na conversa. «Havia uma diversidade brutal de espécies e um equilíbrio que nos mantinha, mas se rebentarmos com ele ninguém consegue prever o que vai acontecer... e certamente que não é bom. Depois, em 2064, não vamos caber todos, seremos uns dez mil milhões a ocupar o solo, a usar a água e todos os outros recursos. Não vamos aguentar.»

Mas se há doenças que prevê para o futuro são as infeções e a falência do sistema. Todas as outras já nos acompanham e vão ser tratadas ou retardadas. «Estamos a esquecer-nos de uma coisa: os implantes», alerta Elsa. «Os ciborgues», ataca o professor. «Mas tudo quanto é prótese e implante só irá funcionar para cinco por cento da população. Pode haver um ciborgue para um Simões, mas para um milhão será difícil.» Ri-se: «Gosto muito dela porque pensa muito bem. Está a pensar melhor do que eu pensava [riem-se]. Nós cientistas devíamos conversar mais vezes.»

Como cientistas muito têm falado do fim dos recursos naturais - da água, do esgotamento dos solos, mas há outros dois pontos que se esgotaram: «A política esgotou-se. Por isso temos um desequilíbrio brutal. Veja a erupção dos populismos disparatados. E há outra coisa que queria discutir : a pouca disponibilidade para termos atenção. Ninguém tem atenção, não acha?», questiona o patologista.

«Acho. Isso é o que algumas pessoas chamam de personalidade computorizada. Estamos a tornar-nos pessoas do yes, no, like, delete. Transpondo isso para as doenças, serão as que implicam questões psicológicas.»

Sobrinho Simões vai mais longe e defende que a falta de atenção, de tempo, de ausência de relacionamentos, pode levar-nos a doenças ainda mais graves. «Às sociopatias.» Serão estas as doenças do futuro? Não, diz, estas já são doenças do presente, mas «podem agravar-se no futuro».

A cientista concorda: «Serão mais graves porque há a perda de contacto com a natureza, com a comunicação. As pessoas sabem cada vez menos relacionar-se. Já não contam histórias uns aos outros», comenta o professor, contador nato de experiências vividas. «A falta dessa componente afetiva e emotiva vai refletir-se social e economicamente», argumenta Elsa Logarinho. «Às vezes penso que quando há grandes desequilíbrios na sociedade aparecem medidas retificativas. No futuro, quero acreditar que vai acontecer o mesmo e que alguma coisa será feita.»


«Tem de ser feita alguma coisa, quanto mais não seja por medo», argumenta o cientista. A investigadora reforça: «Tem de haver uma mobilização mundial. Independentemente dos políticos doidos ou não, tem de haver algo que permita convergir no sentido de medidas retificativas e eficazes, quer no ambiente quer no trabalho ou em todas as outras políticas. Os políticos podem decidir que a partir de hoje ninguém come carne, ninguém anda de carro e ninguém usa plásticos. Nós obedecemos e assim acredito que possa haver mudanças...»

A sociedade de que falam, a que não tem disponibilidade para a atenção, tempo para relacionamentos, deixará de ser competitiva?

«Não sei», responde o professor. Será uma sociedade repleta de personalidades computorizada? «Já é uma sociedade do imediatismo, em que acabou toda e qualquer forma de nos expressarmos que não seja por uma emoção. Não há tempo para os sentimentos, já ninguém os quer. O imediatismo trouxe a recompensa imediata para tudo. Por isso pergunto à Dra. Elsa: o que vai acontecer? Como serão estes miúdos dos computadores? Serão competidores? O que vão eles trazer-nos?»

«Eles podem ser competidores ou não, mas a adição à tecnologia é um comportamento aditivo e isso nunca é saudável. Ou seja, pode acontecer que muitas das pessoas desta geração, ao terem este comportamento aditivo, percam uma certa noção da responsabilidade com o trabalho, com a família e isso...» O professor interrompe e lança mais uma certeza: «A família acabou. E não só. E o sexo? Como vai ser? É que isto também tem importância.»

«O sexo será virtual», diz Elsa Logarinho a rir. O professor insiste: «Isto é muito importante. Há muitos estudos que dizem que os jovens fazem cada vez menos sexo.» E isso vai tornar-se uma doença? Vai influenciar o envelhecimento? «Vai afetar a demografia», responde Sobrinho Simões. «Acabaram as crianças nas sociedades desenvolvidas, eu não vejo crianças, só vejo corpos velhinhos. Mas não sei o que vai acontecer, sou de uma geração em que o sexo era das melhores coisas que havia. Agora, parece que dá um trabalhão, que é uma chatice.»

O sexo será ou não uma compensação para o ser humano? Uma expressão de afeto? Será só uma necessidade? Poderá ser substituído por outros estímulos? As perguntas ficam no ar. Elsa ri-se. «Eu tenho miúdos pequenos e fico passada quando me dizem que não têm nada para fazer, se a televisão está desligada ou se estão sem o tablet. Digo-lhes logo: vão brincar. Mas isto é o que acontece hoje, tanto crianças como jovens têm pouco contacto com o exterior. E isso vai influenciar também a forma como vamos envelhecer.»

Vivemos a geração das crianças superesterilizadas. Onde é que isso irá levar-nos? A mais autoimunidades? Sobrinho Simões reage: «As alergias estão a aumentar extraordinariamente, em parte por isso. É assustador. Os pais e os professores têm medo de que as crianças brinquem, que se sujem, que tenham contacto com a água ou com a terra. Eu não queria acreditar quando li que um terço das crianças portuguesas não sabiam saltar à corda.»

Para os cientistas, esta questão é importante e faz-nos regressar às doenças. Quais vão ser piores? Quais as que são o mal menor? Como as prevenir? O investigador não tem dúvida: «Para mim, as piores, se não estiver diminuído mentalmente, serão as que estão associadas à falta de mobilidade, visão e audição. E o mais engraçado é que estas aparecem em grande parte porque não temos a tal ética do cuidar, do care, de um estilo de vida que nos leve a viver muito mais fora do que dentro.»

A investigadora do I3S, também nascida e criada no Porto, curso feito na universidade da cidade, relembra que «o envelhecimento é contínuo, nós próprios adiamos a nossa idade desde o dia em que nascemos». Por isso, tudo o que se fizer para o nosso bem-estar «tem de ser preventivo e não retificativo. Espero que em 2064 a sociedade esteja mais informada sobre qualidade de vida, acredito que haverá maior tendência para seguir boas dietas, para se fazer exercício físico regularmente e que tudo isto ajude a aumentar a esperança média de vida, porque a que se alcançou até agora foi pela melhoria dos cuidados médicos.»

Agora é a vez da medicina. O que nos trará no futuro a área que progrediu à velocidade da luz no último século - da penicilina à robótica? «Vamos ter mais capacidade para tratar, prestar cuidados médicos», diz Sobrinho Simões.» O mais interessante vai ser perceber «quanto mais a medicina e a investigação poderão estender a nossa longevidade pelo tratamento dos órgãos», lança a bioquímica.

«Se nos mantivermos todos com os nossos órgãos, se não fizermos substituições de peças, até onde poderemos ir? Há um estudo sobre a esperança média de vida para indivíduos com 100 anos que é igual tanto para o início do século xx como para o xxi. Parece que os 100 anos são a nossa base genética. O que acha?» Sobrinho Simões responde: «A espécie tem limites. Individualmente, poderemos ir até aos 110 ou 120, mas no geral não.»

Sendo o cérebro o órgão mais difícil de tratar e estando as doenças neurodegenerativas a aumentar, o futuro é assustador? «Não. O que é preciso é estimular a regeneração», explica o patologista. «Sabemos que as células pró-inflamatórias no cérebro estão a contribuir para a incidência ou para o agravamento das doenças neurodegenerativas, como Alzheimer ou Parkinson. Se conseguirmos retificar estes estados inflamatórios, através de melhor qualidade de vida, ou de medicação que se descubra entretanto, talvez possa adiar-se a neurodegeneração», diz a investigadora.

O que envelhece primeiro no nosso organismo? É possível saber? Não, dizem-nos. Os órgãos comunicam uns com os outros. Mas o que é pior? Ter um fígado velho com um cérebro jovem ou um cérebro mais velho e um fígado novo? Isto será inevitável? «Não, mas é uma verdade», diz o professor. «Pode haver assimetrias em que nem a cabeça nem o corpo funcionam», adianta Elsa Logarinho, que espera que o futuro traga «terapias antienvelhecimento eficazes».

E a depressão? O tempo que tinham para conversar está a terminar e ainda não se falou da doença que dizem ser a epidemia deste século. Portugal é dos países da Europa onde mais se consome ansiolíticos e antidepressivos. A perspetiva de uma sociedade computorizada levará a que a doença aumente ainda mais? Para a investigadora, «a depressão vai crescer», mas diz que esta não é a sua área e que tem muita dificuldade em classificar as doenças. «O que me preocupa é o rótulo dado a estas doenças.» Sobrinho Simões comenta: «Há muitas demências, mas não sei se há mais depressão. O que sei é que somos dos povos do mundo que mais medicamentos tomamos para a depressão. Somos grandes consumidores de pastilhas, pingos e TAC.»

«Eu tomo algumas. Só de pensar que vou ter uma dor de cabeça tomo logo uma pastilha», confessa. Elsa assume: «Não tomo nada. Mas no caso do professor parece funcionar, pelo menos previne.»

Depois do riso, a preocupação. «Ninguém sabe se a depressão está a aumentar, o que está a aumentar são os velhinhos. E voltamos ao mesmo, às doenças do futuro, que, no fundo, será uma só: o envelhecimento.»

Doenças previsíveis como artrite reumatoide, artroses, diabetes, cancro e Alzheimer vão acompanhar-nos. Disto não há que duvidar. Poderemos ser surpreendidos pelas imprevisíveis: as virais. E a surpresa pode chegar pelo simples facto de se rejeitar a vacinação. «Podemos voltar a ter doenças que pensávamos estarem erradicadas», alerta Elsa. «Mas podem trazer algo mais sério, como o que aconteceu na viragem do século xxi, o vírus HN1, ou até uma peste. É catastrófico, eu sei, mas é o imprevisível.»

Para 2064, Sobrinho Simões tem um grande receio: «Como vai ser o poder? Vai ser mais concentrado, mais capitalista, de face chinesa ou americana? Vão ser poucos a mandar e o resto a trabalhar? Vão querer que sejamos muito saudáveis e felizes para sermos mais produtivos? Ou vão querer apenas mão-de-obra barata e tratar-nos à bruta? Esta é a grande questão: como vai ser a política?»

«Se não forem parvos, vão querer que sejamos civilizados, magrinhos, saudáveis, simpáticos, bem-educados», diz a rir-se. Elsa acrescenta: «E põem-nos a trabalhar até aos 80 anos.» «Exatamente. Não tenho dúvidas de que as doenças do futuro serão aquelas que os políticos quiserem, aquelas que surgirão das políticas que aprovarem quer a nível ambiental quer de trabalho, natalidade, lazer, prazer. Tudo isto importa.»

No final, ainda há tempo para elogios, perguntas e comentários entre os dois. «Aprendi imenso com ela. Pensa muito bem. Ainda está na fase em que pensa que é praticamente imortal. Eu já estou na fase em que não estou assustado, mas triste com a velhice. A Dra. Elsa ainda tem o olho brilhante quando fala de tudo.»

Elsa Logarinho contra-argumenta: «Eu é que continuo a aprender com o professor. É um exemplo do que é o envelhecimento ativo. Portanto, não pode estar pessimista. É o que todos deveríamos projetar para nós em 2064.» Ele, que já passou por um acidente vascular cerebral, confessa: «Sabe, tenho uma toxicodependência: o trabalho. É uma fuga em frente.» Ela responde de forma positiva: «Apesar de tudo, não é bom estar aqui?» «Sim, é bom. Se pudermos levantar-nos de manhã», responde o professor a rir-se. O tempo acabou. Agora esperava-o uma reunião em Coimbra.

Será esta a receita para 2064?


Projeto Mercúrio: o plano secreto da maçonaria para recrutar políticos


O candidato à liderança do PSD, Miguel Pinto Luz, e o Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, foram dois dos muitos recrutados no âmbito desta estratégia de poder da Grande Loja Legal de Portugal.

Foi através de um plano secreto e estrategicamente montado pela Grande Loja Legal de Portugal que a maçonaria recrutou figuras estratégicas do PSD, como Miguel Pinto Luz, e Marco António Costa e também do PS, como Duarte Cordeiro e Francisco André, chefe de gabinete do Primeiro-ministro.

Batizado dentro da maçonaria como Projeto Mercúrio visava captar personalidades influentes para combater a cada vez maior influência da outra obediência maçónica, o Grande Oriente Lusitano. Começou por ter como objetivo o recrutamento de pessoas ligadas à comunicação, mas acabou apostar na área política, tanto em deputados e figuras de destaque, como também em jovens promissores que estavam nas juventudes partidárias.


A teia de ligações foi exposta recentemente por Rui Rio, que acusou os seus adversários de serem maços. Mas não só Miguel Pinto Luz – que esteve na Loja Mercúrio e na Loja Prometeu) e Luís Montenegro – que admite ter participado em, pelo menos, um evento da Loja Mozart – têm ligações com maçons. O homem que o próprio Rui Rio escolheu para fazer a sua comunicação é um ativo maçon do Grande Oriente Lusitano.

Na edição desta semana da VISÃO, conheça toda a teia de ligações, os políticos iniciados, os esquemas de recrutamento e veja quem foram os maçons que integraram todos os governos das últimas três décadas.

CATARINA GUERREIRO
Editora Executiva


domingo, 17 de novembro de 2019

Como o Fisco vigia e controla a sua vida


Recolhe informação como nunca, investiu 100 milhões em tecnologia e paga 17 salários aos 11 mil trabalhadores. A revolução tecnológica no Fisco, crucial contra a fraude e a evasão, ainda vai no adro – e convive com a agressividade várias vezes excessiva da máquina e a morosidade da justiça fiscal.

O leitor já reparou como na sua declaração de IRS não tem de preencher quase nada – os rendimentos do trabalho já vêm preenchidos porque é o seu empregador que os comunica ao Fisco e as despesas paras as deduções também já estão preenchidas com a soma das faturas que declarou com NIF. Se no final do ano tiver mais de 50 mil euros numa conta bancária – o que inclui contas a prazo e à ordem, seguros de capitalização, etc. –o Fisco vai saber. E, com a troca de informação com outras administrações fiscais, também vai descobrir se tem uma conta não declarada no estrangeiro.

Nas lojas, sempre que faz um pagamento por cartão, o Fisco vai receber esse dado para controlar a faturação e o lucro do vendedor – tal como recebe, passado um mês ou logo em tempo real se o vendedor assim escolher, a fatura com o montante (a descrição das compras está tapada por um filtro aplicado pelo software do vendedor). O Fisco sabe em tempo real as mercadorias que estão a ser transportadas num dado momento e vai passar a controlar mais de perto a contabilidade das empresas no próximo ano – enfim, já percebeu a ideia.

A Autoridade Tributária portuguesa, que gastou mais de 100 milhões de euros com tecnologia nos últimos três anos, está no grupo de administrações fiscais que lidera a revolução tecnológica na cobrança de impostos. Esta revolução está ainda no adro, confirma o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Ela simplifica a nossa relação com o Fisco e melhora o combate à fraude e justiça fiscal – mas convive com uma cultura muitas vezes agressiva da Administração Tributária e com tribunais lentos, que fragilizam os direitos dos contribuintes.

A SÁBADO desta semana revela-lhe os pormenores sobre a revolução no Fisco, o que sabe sobre nós, as vantagens para a justiça – a fiscal e a criminal – e os riscos.

fonte: Sábado

sábado, 13 de julho de 2019

Google admite que grava e ouve conversas dos utilizadores

Resultado de imagem para Google admite que grava e ouve conversas dos utilizadores

Estação belga revelou gravações diálogos entre pais e filhos, ligações profissionais, discussões e até sons de pessoas a fazer sexo. Google admitiu que tem analistas para ouvir e transcrever conversas.

Sim, o Google grava, ouve e transcreve suas conversas.

Depois de uma reportagem da estação belga Vrt News ter revelado que o Google não só grava conversas do seu assistente virtual pessoal, o Google Assistant, como as transcreve com um grupo de funcionários, a empresa admitiu que analistas contratados pela empresa escutam 0,2% das conversas entre os utilizadores e o Google Assistant.

A revelação foi feita pelo responsável de produtos de buscas do Google, David Monsees, no blogue oficial da empresa como resposta ao documentário belga da Vrt News, que disse ter conseguido acesso a cerca de mil gravações de indivíduos anónimos que usaram o assistente virtual. Os áudios foram enviados à estação belga por um dos analistas contratados pelo Google. A empresa está, segundo o The Guardian , a investigar a fuga de informação.

A função do assistente, segundo a VRT News, era "compreender as particularidades e os sotaques de cada idioma em específico". Algo que David Monsees admite: "A empresa conta com um especialistas no mundo para ouvir e transcrever uma pequena parte dos diálogos para nos ajudar a compreender melhor esses idiomas".

Os áudios ouvidos, segundo o Google, representam apenas 0,2% do total registado pelos sistema e que os fragmentos não são associados às contas dos utlizadores. No entanto, a estação belga foi capaz de identificar endereços e outras informações sensíveis nos áudios, o que permitiu que os jornalistas entrassem em contacto com as pessoas cuja voz havia sido gravada. Os utlizadoresconfirmaram que as gravações eram deles.

Mais uma vez, a Google defende-se afirmando que o assistente virtual só envia gravações após detetar que o utilizador usou um comando específico para ativá-lo, como o "Hey Google", e que o sistema dispõe de várias ferramentas para evitar "ativações falsas". No entanto, a VRT news garante que ouviu conversas nas quais ninguém deu a ordem de ativação para o assistente virtual. Entre outras conversas, a estação afirma ter ouvido nas gravações de diálogos entre pais e filhos, ligações profissionais, discussões e até sons de pessoas a fazer sexo.

Além do Google, outras empresas que oferecem este tipo de serviços - como Amazon, Samsung e Apple - garantem que os diálogos entre os utilizadores e os seus assistentes virtuais são privados, sendo analisados exclusivamente por sistemas de inteligência artificial. No entanto, a desconfiança aumenta.


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